Precaução

Explosão da dengue em Minas aumenta venda de repelentes, e produto fica escasso

Falta não é generalizada, mas consumidor encontra menos opções em algumas farmácias

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 30 de janeiro de 2024 | 11:42
 
 
 
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O estado de emergência provocado pela dengue em Minas Gerais fez a venda de repelentes disparar nas farmácias neste mês e pressionar o estoque do varejo. Em algumas farmácias, o consumidor encontra menos variedade do produto.

“Ele está em falta no distribuidor, faz uns 20 dias que estou tentando comprar. Estamos com poucas marcas e menos volume que o habitual. Os mais baratos acabam primeiro”, descreve um dos vice-presidentes do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Minas Gerais (Sincofarma MG) e dono de farmácias em BH e Sabará, Liberaldino Alfenas. 

Na Araujo, a demanda está entre 50% e 60% superior ao mesmo período de 2023. A rede projeta um recorde de vendas. “As indústrias já demonstram dificuldade no abastecimento devido ao aumento da demanda. A restrição está impactando a manutenção de grandes estoques, mas a Araujo tem boa disponibilidade, em função do mix de marca muito amplo dessa categoria”, diz a rede, em nota.

A Droga Raia registra alta na venda de repelentes desde novembro — primeiro, de 53% em dezembro, em comparação a novembro. Em janeiro, de 64%. A busca pela vacina contra a dengue na rede privada também aumentou. 

Em Itabira, segunda cidade com mais casos de dengue no Estado, atrás da capital, farmácias relatam dificuldade em repor os estoques, mas garantem que ainda há opções nas prateleiras. 

“A procura está grande, e está cada vez mais difícil encontrar repelente nas distribuidoras, o preço está subindo. Está difícil encontrar principalmente o repelente de Icaridina”, relata o funcionário de uma drogaria na cidade. Por volta das 10h, 12 pessoas já tinham comprado repelente na loja, segundo ela, o que não ocorre habitualmente. “O estoque acaba em três, quatro dias. A procura é muito grande. Está mais difícil encontrar o de Icaridina”, confirma a funcionária de outra farmácia. 

As substâncias presentes nos repelentes que afastam os mosquitos são as DEET, Icaridina ou Picaridina e EBAAP ou IR3535. Em geral, aqueles que possuem DEET não devem ser utilizados por menores de dois anos. A embalagem do repelente traz a informação precisa, mas, quanto maior a concentração de DEET, maior o tempo de duração do efeito do produto — crianças de dois a 12 anos só devem utilizar concentração de até 10%. Os repelentes com Icaridina ou Picaridina têm duração habitualmente maior e demandam menos reaplicações, por isso são mais procurados, e têm versões infantis para maiores de dois anos. Os produtos com EBAAP ou IR3535 podem ser utilizados por crianças a partir de seis meses.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reforça que soluções caseiras — à base de própolis, por exemplo — não são aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, portanto, não têm eficácia comprovada. Já os repelentes de tomada são testados com cepas de mosquitos criadas em laboratório e se mostraram eficazes contra eles, mas é possível que cepas presentes no meio ambiente escapem aos seus efeitos, de acordo com a fundação.

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