Queda

Exportações de Minas Gerais para a Argentina despencam em janeiro

O país vizinho foi o terceiro principal comprador dos produtos mineiros no exterior em 2023, mas as remessas para a Argentina caíram 22,3% no mês passado

Por Alexandre Nascimento
Publicado em 27 de fevereiro de 2024 | 16:53
 
 
 
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As exportações mineiras para a Argentina tiveram queda de 22,3% em janeiro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023. Os dados são da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O cenário é de preocupação, pois o país vizinho é o terceiro maior parceiro comercial do Estado. Em alguns setores, esse impacto foi bem grande para a indústria mineira. É o caso, por exemplo, das exportações de veículos e peças, que recuaram 11,2% no período, enquanto as vendas de ferro e aço diminuíram 62%.

“Nós exportamos uma gama variada de produtos, como veículos, autopeças, aço, material elétrico, peças e equipamentos. São bens de capital e bens de consumo, itens de maior valor agregado”, explica o consultor de Negócios Internacionais da Fiemg, Alexandre de Brito.

A diminuição nas negociações entre Minas e Argentina foi impulsionada pela crise financeira no país vizinho. E o consultor da Fiemg cita dois fatores que agravaram a situação. 

“Em primeiro lugar, a escassez de dólares da Argentina, que resulta em redução nas importações e em atrasos nos pagamentos de exportações mineiras e brasileiras. Em segundo, as mudanças recentes na economia, que têm gerado incertezas nos negócios e impactado a demanda agregada. Isso porque, em situações de medidas restritivas e de contenção nos gastos públicos, a tendência é a postergação no consumo por parte das famílias e o adiamento de investimentos das empresas”, justifica. 

No primeiro semestre do ano passado, as exportações mineiras para a Argentina ocorreram normalmente. Mas o cenário começou a piorar no segundo semestre.

Nesse sentido, Alexandre de Brito avalia que as autoridades precisam estudar soluções efetivas para impulsionar novamente esse comércio bilateral, considerando a importância das transações comerciais entre Brasil e Argentina. “Uma sugestão seria a criação de um sistema de garantia de pagamentos”, afirma. Segundo Brito, esse sistema poderia ser lastreado em ativos com cobertura e proteção contra desvalorizações.

Enquanto o mercado argentino está desaquecido, o consultor da Fiemg acredita que Minas precisa diversificar e encontrar novos mercados consumidores, mas sem abandonar o comércio com os argentinos. 

“É um mercado muito importante para Minas Gerais, não podemos desistir dele. Mas enquanto isso, temos que ter uma estratégia de diversificação, buscando outros mercados aqui na América Latina e nos Estados Unidos”, assegura. 

Relações bilaterais

A Argentina foi o terceiro principal mercado das exportações de Minas em 2023, atrás somente da China e dos Estados Unidos. 

No ano passado, as exportações do Estado para o país somaram US$ 2,043 bilhões, sendo que os produtos da indústria de transformação responderam por 92% desse total. Do total das exportações mineiras:

  • 47,8% dos veículos, e autopeças são para a Argentina
  • 32,6% das máquina e equipamentos
  • 24,8% dos eletroeletrônicos
  • 19,2% dos instrumentos e aparelhos de precisão, medição, óptica e médicos

Já as importações mineiras da Argentina somaram no ano passado US$ 1,456 bilhão, terceiro maior fornecedor para o Estado, e os automóveis de passageiros são o principal produto importado por Minas.

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