Após um longo ciclo de quedas, agravado pela chegada da pandemia do coronavírus em Minas Gerais, o setor da construção civil voltou a registrar crescimento na atividade pela primeira vez em dez meses. É o que apontou a Sondagem da Indústria da Construção, divulgado nesta quarta-feira (9). Além da expectativa de novos lançamentos nos próximos meses, a pesquisa mostra uma retomada das contratações de profissionais nos canteiros de obras.

Conforme o levantamento do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), o índice que mede a atividade do setor alcançou 51 pontos em julho, um aumento de 2,2 pontos na comparação com junho – a escala vai até 100 pontos. Já em relação ao mesmo período do ano passado, o número teve um avanço de 4,3 pontos, o maior crescimento nos últimos oito anos.

Sobre o número de empregados nas construtoras, houve um crescimento do índice, que saltou de 48,3 para 54 pontos em julho – quando os números ficam acima de 50, há melhoria do otimismo para o setor e elevação da quantidade de postos de trabalho. O sindicato lembra que desde setembro de 2019 o indicador não atingia esse patamar. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o avanço foi de 7,9 pontos.

Setor considerado essencial

Para o presidente do Sinduscon-MG, Geraldo Linhares, o fato do governo mineiro ter considerado a construção civil como uma atividade essencial na pandemia ajuda a explicar o cenário positivo. "Isso foi muito importante e, aliado com os protocolos tomados para evitar a transmissão da Covid-19 nos canteiros de obras, as empresas conseguiram seguir trabalhando", frisou.

O dirigente lembra também que a baixa taxa de juros nos financiamentos, além da flexibilização dos pagamentos no programa "Minha Casa Minha Vida" para apartamentos de até R$ 500.000, contribuíram com o setor. "Aliado a tudo isso, a confiança dos empresários, em uma escala de 0 a 100, bateu 54, número que não era atingido há muito tempo. É um momento muito interessante para o mercado em Belo Horizonte e Nova Lima, principalmente", acrescentou.

Efeitos da pandemia

Com o isolamento social e um grande número de empresas que adotaram o home office para os funcionários, Geraldo Linhares lembra que a pandemia levou muitas pessoas a procurarem uma nova residência. "O público começou a perceber que precisava ter uma casa mais preparada, já que conviviam com o trabalho retomo e ainda as crianças em aula online. Por isso, buscaram um imóvel melhor, com mais conforto", enfatiza.

O gestor de vendas do Grupo EPO, Marcelo Carvalho, compartilha da opinião. Para o especialista, o tempo dentro de casa ajudou o público a pesquisar por diversas opções de novos imóveis na internet. "Essa disponibilidade de tempo para procurar e se informar teve seu impacto nas vendas", defende. E junto com os juros menores para o financiamento da casa própria, os consumidores tiveram mais condições de adquirir um novo imóvel.

O resultado desse momento na construtora já é grande: até o final do ano, devem ser lançados cinco novos empreendimentos. "A remuneração sobre o dinheiro do investidor também está baixa e, com isso, acaba indo para o setor imobiliário buscar ganhos no longo prazo. Mas isso não de agora", afirma Carvalho.

Perspectivas para os próximos meses

A expectativa da construção civil é grande para os próximos seis meses. Os quatro índices que trazem uma previsão para o setor apontam para o otimismo dos empresários. Em relação à atividade da construção civil no período, o número ficou em 55,2 pontos no mês de julho, uma alta de 5,3 pontos em relação a junho. Também há perspectiva para avanço das compras de materiais de construção (55,2), novos empreendimentos (53,1) e aumento no número de empregados (55,3).

"Creio que teremos lançamentos importantes no terceiro e quarto trimestres. Porém, precisamos equilibrar o aumento dos materiais de construção, que tiveram uma grande alta nos últimos meses, para que tenhamos lançamentos compatíveis com a expectativa", concluiu o presidente do Sinduscon. 

Incremento de 74,4% nas vendas em BH e Nova Lima

O último balanço divulgado pela entidade mostrou ainda um crescimento de 74,43% nas vendas de novos imóveis residenciais na capital mineira e em Nova Lima, na região metropolitana. Em junho, foram vendidas 382 unidades, contra 219 no mês anterior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a alta foi de 8,52%.

Ainda na Grande BH, a venda de novos imóveis em Contagem também está em alta e segue a tendência das demais cidades. Entre janeiro e junho deste ano, mesmo com a pandemia do coronavírus, o setor registrou uma alta de 28,91% nos negócios fechados. Em relação aos novos lançamentos, o crescimento foi de 44,63% no período.