Sustentabilidade

‘Lítio verde’ do Jequitinhonha, em Minas, começa a ser exportado nesta semana

Serão 15 mil toneladas de insumo embarcados para diferentes países; Sigma Lithium vai investir cerca de R$ 1 bi na região


Publicado em 26 de julho de 2023 | 09:00
 
 
 
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Começou nesta semana a primeira exportação de ‘lítio verde’, do Vale do Jequitinhonha, em Minas. Serão 15 mil toneladas embarcadas para diversos países do mundo, que abrigam as maiores fabricantes de carros elétricos do mundo, para se transformarem em baterias de veículos. O insumo é produzido pela empresa brasileira Sigma Lithium, que nesta terça-feira (25/7) também estreou na bolsa de valores brasileira. Até o final do ano, a estimativa de exportação é de 130 mil toneladas. 

Ana Cabral, presidente da Sigma Lithium, explica que o processo de extração e industrialização do lítio da empresa não utiliza absolutamente nada de químicos nocivos, recicla 100% dos seus rejeitos e reutiliza toda a água. “Nós criamos  novos paradigmas ambientais. Subimos a barra do que significa ter um produto ambientalmente responsável”, observa. 

E ser sustentável hoje é também sinônimo de maior rentabilidade.  “A tonelada do minério é vendida por cerca de US$ 70. O lítio verde é vendido por cerca de US$ 3,5 mil. É 50 vezes mais valioso. É um valor agregado bizarro; muito expressivo. O produto ficou extremamente competitivo comercialmente”, detalha a presidente da Sigma. Ela lembra ainda que os municípios são também beneficiados porque o royalties, compensação financeira devida, aumenta consideravelmente.  

Para Ana, o mundo mudou e é preciso utilizar de toda a tecnologia possível para mitigar os impactos ambientais. “Não existe cenário para não fazer dessa forma; se condena à obsolescência industrial. Se você não consegue ser sustentável hoje, algum elo vai se quebrar: ou o mercado de capital para de investir, ou a comunidade se revolta, ou o cliente não vai comprar mais”, detalha. 

Na Sigma, não há barragem de rejeitos, tóxicos, e tão danosas ao meio ambiente e perigosos à comunidade. O empilhamento dos resíduos é feito a seco e todo este material é comercializado e removido da área de operação posteriormente. Juntamente ao lítio verde, serão exportadas 15 mil toneladas deste ‘rejeito verde’. O material remanescente, cascalho grosso, é doado para a cobertura de estradas de terra e barro das comunidades da região. 

A água utilizada em toda a operação da Sigma é de esgoto in natura, a céu aberto, com resíduos sólidos. A empresa investiu em um sistema de tratamento, caro, mas viável para uso industrial.  “Este é um grande problema na mineração, que usa a água potável, que poderia ser consumida pela população, mas não no nosso caso. Temos eficiência hídrica”, explica a presidente da empresa. 

Além de todos esses fatores, a Sigma também está fazendo explosões eletrônicas controladas, que reduzem a poluição sonora e a quantidade de carbono gerado.Segundo a executiva, os explosivos são responsáveis pelo segundo maior gasto de carbono na operação industrial. 

“Minas está se colocando como território único no lugar industrial verde no mundo. Outros lugares comercializam o lítio marrom. Temos uma vantagem competitiva temporal muito importante”, considera Cabral. 

 

Até 2024, Sigma terá três linhas industriais verdes no Vale do Jequitinhonha

Atualmente, a Sigma trabalha com 75% da sua capacidade no Vale do Jequitinhonha e tem previsão de exportar 130 mil toneladas de lítio verde e 200 mil toneladas do subproduto.  “Mas a viabilização comercial desses rejeitos, subprodutos, animou o grupo de investidores a triplicar a operação. Estamos viabilizando a engenharia para colocar mais duas plantas industriais na região”, explica Cabral. Segundo a presidente da empresa, até meados dos meses de agosto ou setembro, as novas linhas estarão prontas. Em 2024, serão três linhas industriais em operação em Minas. E a previsão é de mais R$ 1 bilhão de investimentos nos próximos 12 meses. Nos últimos dez anos, foram R$ 3 bilhões. 

Atualmente, a empresa gera mil postos de empregos diretos e 13 mil indiretos. A projeção é que este número suba para 2.000 diretos e 25 mil indiretos com a abertura de novas operações em Minas. 

Além da geração de emprego, a Sigma trabalha com uma linha de microcrédito para viabilizar o empreendedorismo na região, bastante afetada pela pobreza. Ao menos 2 mil mulheres, que não exerciam nenhuma atividade produtiva, ganharam incentivo para monetizar negócios, relacionados à cultura, culinária, artesanato, costura etc.Também está sendo realizado um trabalho de irrigação para a agricultura de subsistência, garantindo que os homens não migrem nos períodos de seca e abandonem suas famílias. 

“O aspecto mais importante é a transformação social do Vale. A ambiental é tecnológica, à medida que se torna operacional na empresa”, finaliza Cabral.

 

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