Moradores de cinco distritos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015, estão contratando pequenos empréstimos a juros menores, com recursos da Fundação Renova. O dinheiro fica em pequenos bancos comunitários, que são administrados pelos próprios moradores das comunidades próximas do Rio Doce, que foi tomado pela lama da barragem na época. São três bancos desse tipo em Minas Gerais (Baixa Verde, em Dionísio; Cachoeira Escura, em Belo Oriente; e na cidade de Itueta) e dois no Espírito Santo, ambas no município de Linhares.
No ano passado, as economias das cinco localidades receberam a injeção de R$ 857,7 mil em microcrédito, com empréstimos para 224 famílias. Os valores vão de R$ 300 a R$ 5.000, com juros de 1% ao mês. A iniciativa é parte do trabalho de reparação e compensação dos danos causados pelo rompimento da barragem da Samarco.
“São comunidades que não tinham acesso a uma entidade financeira porque o banco comunitário, embora não seja uma organização financeira, traz oportunidades além do microcrédito. Em algumas iniciativas, a gente já tem também a possibilidade de recebimento de contas. Isso faz muita diferença na vida das comunidades”, explicou Ana Lage, a coordenadora de Inovação e Economia da Fundação Renova.
O crédito é para impulsionar negócios locais em diversos setores, como agricultura, estética, construção, confeitaria e alimentação em geral. Mas o dinheiro não é só para os pequenos empreendedores. Quem é da comunidade e está com contas atrasadas também pode pedir o recurso. Os moradores que precisam fazer uma reforma na casa também podem ter acesso aos valores.
No pequeno distrito de Baixa Verde, na cidade de Dionísio, o banco comunitário Lagoa Verde já concedeu microcrédito para 41 pessoas da comunidade, que tem cerca de 3.000 habitantes. A instituição funciona dentro da associação dos moradores.
“A gente teve o caso de uma moça que fazia a unha das clientes na varanda da casa dela. Aí vinha a chuva, alagava lá e ela não tinha como atender. Com a ajuda do empréstimo, ela conseguiu construir um salão e fez um pontinho para atender”, contou Gabriela Cristina de Oliveira Lima, agente do Banco Lagoa Verde.
O projeto da Fundação Renova terminará em janeiro de 2025, mas os cinco bancos comunitários continuarão atendendo com os próprios recursos após esse período, numa operação sustentável.
Fachada do banco comunitário Crescer, em Itueta, no Vale do Rio Doce. Crédito: Fundação Renova / Divulgação
Concessão do microcrédito a juros baixos, o que possibilita que empreendedores da comunidade invistam em seus negócios, além de fomentar a cidadania financeira na região com o incentivo a iniciativas empreendedoras.
A ideia é reter o recurso no local, para que os negócios locais se tornem mais competitivos e, assim, estimule uma cultura empreendedora entre a população, oportunizando o surgimento de novos negócios.
O valor da concessão de crédito por pessoa varia de R$ 300 até R$ 5 mil. Os cinco bancos concederam até dezembro/2023 o total de R$ 857.700 em créditos, por meio de 224 operações. Sendo:
O maior volume de crédito concedido foi no Banco Monsarás, localizado na comunidade de Povoação, em Linhares (ES), que realizou 64 operações liberando o valor de R$ 227,8 mil.