Aos 79 anos

Morre Emilio Botín, presidente do banco Santander

O presidente esteve à frente da investida para criar um banco global, oferecendo serviços múltiplos a empresas multinacionais e uma gama de serviços aos consumidores

Por DA REDAÇÃO
Publicado em 10 de setembro de 2014 | 10:15
 
 
 
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O presidente do Grupo Santander, Emilio Botín, morreu na noite desta terça-feira (9), aos 79 anos, em Madri, vítima de um ataque cardíaco. O falecimento foi comunicado pela entidade financeira à CNMV, comissão de valores mobiliários da Espanha.

Emilio Botín, chamado de "El Presidente" pelos colegas de trabalho e terceiro da geração Botín a comandar o Santander, esteve à frente da investida para criar um banco global, oferecendo serviços múltiplos a empresas multinacionais e uma gama de serviços aos consumidores.

Ele dirigiu seu olhar afiado para negócios para divulgar a marca do Santander ao redor do mundo, somando US$ 1,8 trilhão em fundos e cerca de 200 mil funcionários.

"Ele foi um homem capaz de fazer o Banco Santander se tornar o banco mais importante de nosso país", afirmou o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, a jornalistas no Parlamento. "Eu tive uma reunião com ele na semana passada e ele estava bem e em boa forma. Foi uma surpresa e um golpe."

Com a morte do executivo, o Santander informou que irá realizar nesta quarta-feira (10) uma reunião entre o conselho de administração e a comissão de nomeações e retribuições para designar o novo presidente global do banco. Analistas e investidores esperam que o cargo seja assumido pela filha mais velha do executivo, Ana Botín, que lidera o negócio britânico do Santander.

Tal movimento poderá provocar polêmica, contudo, em um momento em que dinastias bancárias enfrentam duras críticas depois de um escândalo no português Banco Espírito Santo, com empresas da família fundadora sendo investigadas por irregularidades financeiras.

"A sucessão não deve consistir apenas em dizer 'minha filha vai tomar conta'", disse um especialista em governança corporativa de uma gestora global de ativos que detém ações do Santander, falando sob condição de anonimato à Reuters.

"Eles já decidiram unanimemente em favor de Ana Patricia", disse outra fonte que tomou conhecimento das deliberações do banco, também sob condição de anonimato.

Mas há outro potencial substituto: Matias Inciarte, 66, um ex-ministro do governo e membro do Conselho de Administração do banco desde 1988, que atualmente ocupa o cargo de segundo vice-presidente do conselho.

O Santander é o quinto maior banco privado do Brasil e o sexto da lista, se considerado o BNDES. No segundo trimestre de 2014, a entidade registrou lucro líquido de R$ 527,5 milhões no país, com um acréscimo de 5,35% em comparação com igual período do ano passado. A carteira de crédito do banco no país somou R$ 279,2 bilhões ao fim de junho.

"Cabe a nós, do Santander Brasil, continuar, com ainda mais intensidade, o trabalho de crescimento de nosso banco no país, a maior homenagem que podemos prestar a ele", afirma Jesús Zabalza, presidente da instituição financeira no país.

Executivos do Bradesco no Brasil também lamentaram a morte de Botín. O presidente do conselho de administração do banco, Lázaro de Mello Brandão, afirmou que o espanhol era um "líder arrojado e determinado", que "soube posicionar a instituição que comandou nos últimos 30 anos aos postos mais altos da hierarquia financeira internacional".

Presidente executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi ressalta que, no Brasil, Botín "construiu um banco eficiente e competidor leal, transformando o Santander numa referência de dinamismo e desempenho".

Biografia

Nascido em 1º de outubro de 1934, em Santander, Botín foi herdeiro da tradição financeira de sua família, já que seu avô e seu pai também foram presidentes do banco. O executivo começou a dirigir a entidade bancária em 1986 e foi um dos responsáveis pela sua expansão internacional.

Formado em Direito e Economia pela Universidade de Deusto, Emilio Botín ingressou aos 24 anos no Santander. Conselheiro do banco desde 1960, quatro anos depois foi nomeado diretor-geral e em 1971 foi eleito segundo vice-presidente do conselho de administração da entidade financeira.

Membro da Comissão Executiva do Santander desde 1964, foi designado executivo-chefe em 1977. Nove anos depois, Botín chegaria à presidência do banco.

Botín se tornou um dos poucos gerentes que, além de presidir a entidade, também era seu principal executivo e máximo acionista. Sua gestão se caracterizou pela estratégia de conquista do mercado internacional e por um processo de fusões e aquisições nacionais para conseguir a liderança entre os bancos espanhóis.

Emilio Botín era casado com Paloma O'Shea Artiñano e tinha seis filhos. Uma delas, Ana Patricia, dirige a filial britânica do Grupo Santander, Santander UK.

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