Mercado de trabalho

Motivos da queda do desemprego em 2023 e 2022 foram diferentes, diz economista

Na avaliação de especialista da FGV, o país teve maior geração de vagas no ano passado, enquanto em 2022 a taxa caiu porque mais pessoas deixaram de procurar emprego

Por Alexandre Nascimento
Publicado em 31 de janeiro de 2024 | 19:10
 
 
 
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A forte retomada da atividade econômica no período pós-pandemia de Covid-19 foi a principal responsável pela redução na taxa de desemprego em 2023 no Brasil, que encerrou o ano em 7,8%, a menor em dez anos, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgados nesta quarta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2022, o índice de desempregados já havia encerrado o ano em 9,6%, a menor taxa desde 2015. Mas na avaliação de Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), a situação foi bem diferente nos dois últimos anos. 

“É sempre bom lembrar que a taxa de desemprego pode cair por dois fatores principalmente: o primeiro é quando são criadas vagas e cresce o número de pessoas trabalhando; e o segundo é quando as pessoas que não estão trabalhando deixam de procurar trabalho. Em 2022, houve uma redução da taxa de desemprego, mas muito por esse grupo de pessoas que não estavam trabalhando e deixaram de procurar emprego. Mas em 2023 foi diferente, então acho que essa melhora na taxa de desemprego foi por uma criação de vagas, reflexo de maior atividade econômica”, analisa. 

De fato, o levantamento do IBGE apontou que a população média ocupada atingiu um recorde em 2023, subindo para 100,7 milhões de pessoas, crescimento de 3,8% na comparação com 2022. Por outro lado, houve redução de 17,6% no número médio de pessoas desocupadas entre 2022 e 2023, chegando a 8,5 milhões.

No último trimestre do ano passado, o comércio foi responsável pela maior geração de vagas de trabalho. Mas o destaque de 2023 foi o setor de serviços, na avaliação do economista da FGV.

“Os serviços tiveram um impacto muito positivo. Acho que posso citar dois aqui que foram bem interessantes nesse ano: um foi o serviço de informação e comunicação, que tem evoluído a cada ano e também reflete a volta das pessoas ao mercado de trabalho. A volta da normalidade após a pandemia fez com que essas atividades voltassem a prosperar; e outro destaque foi o setor de transporte, muito impactado positivamente pelo agronegócio e pela indústria extrativa, que tiveram resultados mais favoráveis”, afirma.

O próximo desafio do país, na visão de Rodolpho Tobler, é reduzir a informalidade no mercado de trabalho, ainda muito alta.  

“Hoje a gente continua observando que cerca de 39% a 40% das ocupações são informais, um patamar muito elevado. Acho que agora, passando toda essa questão da pandemia, o que a gente precisa é voltar a focar em políticas públicas que possam olhar com um pouco mais de cuidado para o percentual elevado de informalidade”. 

Para 2024, a expectativa é de uma maior estabilidade na taxa de desemprego.

“A gente teve um ano de 2023 um pouco melhor do que era esperado porque também a economia esteve num ritmo mais forte no ano passado. Para 2024, o que a gente tem observado é que a previsão do PIB e do crescimento econômico é mais baixa do que em 2023. Então acho que há uma certa tendência de termos uma estabilidade no mercado de trabalho, com a taxa de desemprego num patamar parecido ao que se encontra hoje, entre 7% e 8%”.

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