Estatal

Novo presidente da Cemig tem a privatização como maior desafio

Reynaldo Passanezi assume estatal mineira no lugar de Belini. Executivo atuou em processos de desestatização no Estado de São Paulo

Por Lucas Negrisoli
Publicado em 14 de janeiro de 2020 | 03:00
 
 
 
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A Cemig informou ontem que o economista Reynaldo Passanezi Filho substituiu Cledorvino Belini, que estava desde o início do ano passado no cargo, na presidência da estatal.

A decisão do Conselho de Administração foi entendida por lideranças próximas à alta cúpula da empresa como catalisadora do processo de privatização que o governador Romeu Zema (Novo) defende. Segundo a estatal, o ex-diretor continuará como membro do Conselho. 

Apesar de a Cemig não ter informado oficialmente o motivo da troca na direção, havia um acordo informal entre Belini e o Conselho de que ele ficaria, apenas, um ano no cargo devido a problemas de saúde.

Contudo, a principal razão para seu afastamento, de acordo com fontes, teria sido o baixo empenho com a pauta da privatização. Em carta de despedida, o executivo afirmou que sua saída “atende a uma necessidade de caráter pessoal”. 

Belini, que esteve à frente da Fiat na América Latina por 12 anos até se aposentar em 2018, foi responsável pela reestruturação administrativa na Cemig realizada no ano passado.

Segundo a energética, um plano de investimento de R$ 8,2 bilhões entre 2019 e 2022 foi equacionado pelo Conselho durante sua gestão e a estatal liquidou 25% dos cargos de liderança. 

“A Cemig está novamente lucrativa, dispõe de uma estrutura bem mais enxuta e eficiente e, aos poucos, vem melhorando o atendimento a seus clientes. Praticamente zeramos as obras em atraso, que eram 39.000 no início do ano passado. O que resta é residual”, afirmou Belini.

Passanezi disse durante cerimônia de despedida do ex-diretor que sua gestão seguirá a “linha mestra do planejamento estratégico” construído por Belini. “Meu compromisso é engrandecer ainda mais a Cemig e prestar serviço à sociedade com qualidade e preços competitivos”, afirmou em nota.

A escolha de Passanezi para a diretoria da estatal foi uma indicação da cúpula do partido Novo de São Paulo, segundo uma fonte informou a O TEMPO.

O executivo, que não é filiado à sigla, participou ativamente de processos de privatização no Estado no últimos anos, como a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (ISA CTEEP), da qual foi presidente, e a expectativa é de que ele seja o responsável por acelerar a venda da Cemig. 

Questionado, o pré-candidato à prefeitura de Belo Horizonte, Mateus Simões (Novo), que foi braço direito do governador Romeu Zema durante a eleição de 18, afirmou que o processo de escolha foi “100% profissionalizado”.

“Acredito que o governador possa ter ouvido pessoas qualificadas, como o presidente nacional do Novo, pelo conhecimento do mesmo de mercado, mas nenhuma interferência para além disso”, diz. 

Acostumado com grandes negócios 

Reynaldo Passanezi trabalha desde o início de sua carreira com cifras bilionárias.

Ele participou das privatizações paulistas como assessor do Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização, em fusões e aquisições no BBVA e esteve por seis anos na Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (ISA CTEEP). 

Passanezi começou como diretor financeiro na energética e chegou ao cargo de diretor da empresa. O executivo é doutor em economia pela Unicamp, graduado em direito pela PUC-SP e em ciências econômicas pela USP.

Bolsa

Só no último mês, as ações da Cemig na B3 avançaram quase 20%, indo de patamares próximos aos R$ 13 em dezembro a R$ 15,35 no último fechamento. 

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