Mais oferta

Nucleares voltam para pauta e Brasil enriquecerá urânio

Governo revisa plano para construção de usinas até 2050


Publicado em 06 de dezembro de 2014 | 04:00
 
 
 
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Brasília. A nova diretoria da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), empossada nesta sexta na Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para o biênio 2015/2016, defendeu o papel dessa matriz energética, no atual momento de crise do sistema hidrelétrico brasileiro. O vice-presidente recém-empossado da Aben, engenheiro Marcelo Gomes da Silva, disse que os próximos dois anos serão decisivos para a energia nuclear no Brasil, em função do estresse hídrico que o país atravessa, com os níveis dos reservatórios muito baixos. “Isso está demonstrando, cada vez mais, a necessidade de que o sistema elétrico brasileiro tenha um componente forte de energia térmica de base. A usina nuclear tem esse papel”, disse.
 

Para ajustar a oferta de geração de energia no país, a Aben defende a construção de mais usinas nucleares e o desenvolvimento dessa matriz energética em todo país. O Plano Nacional de Energia para 2030 (PNE 2030), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, sinalizava – para um cenário de maior demanda – a construção no país de usinas nucleares que somariam mais 8.000 megawatts (MW) ao sistema elétrico nacional. O plano está sendo revisado, com horizonte para 2050.

O vice-presidente da Aben destacou que a reformulação do planejamento energético ocorre em um momento oportuno, “em que se demonstra, de forma aguda, a necessidade da presença de geração térmica no país. A gente avalia que esse novo plano que está em gestação na EPE vai, no mínimo, manter esse quadro que era previsto em 2030, com perspectiva até de ser ampliado”.

O engenheiro salientou que a Usina Nuclear Angra 1 receberá pela primeira vez, em sua recarga de combustível, programada para 2015, urânio enriquecido no Brasil. Até agora, o combustível usado nas usinas da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, situada no município fluminense de Angra dos Reis, passava por processo de enriquecimento no exterior. Na central, estão em funcionamento as usinas Angra 1 e 2 e encontra-se em construção a Usina Nuclear Angra 3.

Segundo Marcelo Gomes da Silva, esse é um fato importante, porque se trata de tecnologia nacional. “É uma questão estratégica também. O Brasil passa a deter a tecnologia de todo o ciclo do combustível, que envolve mineração, conversão, enriquecimento, beneficiamento e fabricação do combustível. Em todo esse ciclo agora, você tem tecnologia nacional”.

Com isso, o Brasil participa de um grupo muito restrito de países que têm não só a tecnologia, mas também as reservas de urânio, entre os quais se destacam o Canadá e a Rússia. Outros, como a França e a China, têm tecnologia, mas não têm minério. “Esse é um diferencial muito importante para o Brasil”.

O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo, cujo volume, entretanto, ainda não é conhecido em toda a sua extensão.

Oferta de energia
Como é composta a matriz energética do Brasil (em %)

Renováveis (41):
Biomassa de cana: 16
Hidrelétrica: 12,5
Lenha e carvão vegetal: 8,3
Solar, eólica e outras: 4,2
Não renováveis (59):
Petróleo e derivados: 39,3
Gás natural: 12,8
Carvão mineral: 5,6
Nuclear: 1,3

Fonte: Aneel e Ministério de Minas e Energia

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