Até o final deste ano, a região Norte de Minas Gerais vai receber um total de R$ 200 milhões de investimentos da Órigo Energia. Com a expectativa para chegar à construção de dez fazendas solares, a Órigo terá capacidade para mais de 6.000 clientes no Estado. Esse é o cálculo do CEO da Órigo, Surya Mendonça, que esteve na Sempre Editora para falar sobre os planos da empresa, que existe desde 2010, tem 2.000 clientes no modelo de fazenda solar e tem atuação em energia solar. “A ideia é seguir com investimentos até maiores para o ano que vem e para os próximos anos. No plano plurianual, no mínimo, são R$ 200 milhões por ano ou até mais do que isso”, informa.
Mendonça explica que Minas Gerais é o foco de atuação da Órigo Energia. Sobre os diferenciais do Estado – se é segurança jurídica, mão de obra, volume de terras ou sol –, o executivo explica que são vários motivos: “É um Estado grande, com público-alvo grande, o que tem sentido para uma empresa que atende cada vez mais clientes”. Ele acrescenta que a irradiação solar de Minas é privilegiada, uma das melhores do país.
“É um Estado muito pulverizado, com muitos municípios, o que se encaixa muito bem no conceito da geração distribuída. A tarifa de energia em Minas é uma das mais elevadas, o que faz com que as pessoas se mobilizem mais. E tem o tema da segurança jurídica que é importante, pois Minas Gerais saiu na frente do resto dos Estados brasileiros porque tem uma legislação favorável a isso, onde quem produz sua própria energia (que é o caso da geração distribuída) tem a isenção do ICMS, o que é bem relevante para que o investimento se pague”, explica.
Se o cliente ganha com uma economia prevista na conta de energia em torno de 10%, a região que recebe a fazenda solar também ganha com a geração de emprego e renda, como é o caso do Norte de Minas, onde as fazendas solares da Órigo são construídas. “Neste ano, estamos construindo nove fazendas solares em sete municípios diferentes do Norte de Minas com índice de desenvolvimento menor e (lugares) onde têm espaço e sol”, diz Mendonça.
Numa das áreas arrendadas para construir a fazenda solar, Mendonça conta que os donos estavam voltando para a cidade pela falta de autosubsistência no meio rural. O arrendamento, segundo Mendonça, é de longo prazo e tem um impacto social muito grande para os donos desses terrenos. “Na construção, que dura de três a seis meses, geramos empregos na própria cidade porque pode ter de cem a 120 pessoas trabalhando na construção dessa fazenda. Em geral, 80% dessa mão de obra é local”, diz.
Para um empreendimento de 5 MW de energia são necessários em torno de 15 hectares. “Temos cerca de nove fazendas em Minas e temos acordos com outros proprietários para o ano que vem, quando vamos construir de 20 a 40 fazendas, tudo em Minas, não somente no Norte, mas em outras áreas do Estado”, conclui.
Empresa tem dois modelos de negócio
O CEO da Órigo Energia, Surya Mendonça, explica que a empresa trabalha com dois modelos de negócio: num deles, o cliente pode comprar o sistema solar e instalar no telhado da sua casa ou empresa com projeto da Órigo conectado na rede da distribuidora. “O outro modelo inovador que lançamos em 2017 no Brasil e em Minas Gerais é a fazenda solar em que a Órigo constrói um parque solar que gera energia, e essa energia, por meio das placas solares, é alugada. Os clientes pagam o aluguel para ter direito a uma cota dessa fazenda”, explica o executivo.
Mendonça conta que os clientes não têm que fazer o investimento. Ele é feito pela Órigo. “Eles (clientes) pagam um valor fixo mensal para ter a geração dessas placas solares. Pode ter um restaurante que vai alugar 30 placas ou pode ter uma academia que vai alugar 50 placas”, informa.
A Órigo tem fazendas solares de até 5 MW que podem atender até 400 pequenas empresas. “O foco é na base da pirâmide, um público que não tem acesso a linhas de financiamento”.
Mendonça explica ainda que a geração distribuída é feita em parceria com as distribuidoras, por meio de uma regulamentação da Aneel. “No caso da Cemig, ela é nossa parceria no sentido de que construímos as fazendas solares e nos conectamos na rede da Cemig”, observa.
A conta de energia vai chegar sempre por meio da Cemig. “O que a Órigo faz é permitir aos clientes que gerem a sua própria energia”, informa Mendonça.
Regulação
Segurança. Surya Mendonça conta que está em curso uma revisão regulatória no setor. Para ele, o tema é importante para garantir segurança jurídica nos investimentos.