O Natal já chegou em Belo Horizonte e trouxe uma surpresa para as lojas especializadas: ao contrário das expectativas iniciais do setor, a demanda por artigos de decoração está aquecida. Há 25 anos no mercado, a tradicional Casa Maia inaugurou seu departamento de Natal na semana passada e já começou a montar decorações.

“As pessoas estão carentes, precisando de apoio. Por isso, estão buscando decorar mais cedo. Os agendamentos começaram no início de outubro”, afirma o gerente de vendas Marcílio Costa. 

Com o momento das restrições da pandemia, o gerente tem percebido que a decoração está virando um programa em família. “Um cliente comprou a árvore, mas nos pediu apenas para montar, pois ele quer fazer a decoração junto com os filhos”, diz Costa. 

Apesar do momento econômico de retração, o gerente acredita que as vendas vão crescer. “Pela procura, acho que vamos vender mais. Mas, se empatarmos com o ano passado, já está muito bom”, afirma. 

A proprietária da Futuro Decorações, especializada em locação de artigos e projetos de Natal, Cláudia Travesso, confessa que foi surpreendida este ano. “Eu atendo há 20 anos e, até 2019, 70% dos meus clientes eram corporativos e 30% residenciais. Com a pandemia, eu imaginei que eu seria mais procurada para decoração de residências. Mas tive uma surpresa e a proporção se manteve”, conta a empresária, que também já começou a montar projetos.

Com muita gente em regime de home office, Cláudia chegou a pensar que as empresas demandariam menos decoração, mas, apesar de algumas diferenças, a demanda se manteve. “Por enquanto, o Papai Noel continua fazendo o sucesso que sempre faz. Tive muitos projetos para decoração de cidades do interior, shoppings e empresas também”, afirma.

No ramo corporativo, o que mudou, segundo Cláudia, foi o porte das decorações. “Em algumas empresas onde colocávamos árvores em vários andares, agora estão pedindo pelo menos na portaria”, exemplifica. 

Se a pandemia não impactou na demanda, trouxe reflexos para os cuidados. “Criamos um sistema de embalagem especial para os artigos. E nossos montadores vão com luvas, toucas e protetores de sapatos”, afirma Cláudia Travesso.

Setor de móveis está em liquidação

O setor de móveis e decoração está otimista com os preparativos para o Natal e já anuncia liquidações para garantir o aquecimento das vendas. O Minascasa, por exemplo, está com descontos de até 50%. Segundo o coordenador de marketing do shopping especializado, Henrique Fagundes, normalmente a demanda aumenta nessa época, mas, neste ano, o novo normal imposto pela pandemia acrescentou um fator especial nessa equação. 

“Com as pessoas passando mais tempo em casa, com o home office, é natural dar mais atenção à casa e querer dar uma repaginada. Estamos com uma demanda alta para mesas de jantar e sofás” também aquele sofá que acabou ficando velho”, diz Fagundes. 

Como estratégia, a loja Raro Ofício decidiu flexibilizar o pagamento e garantir a entrega até o Natal. “Diante das restrições, a tendência é que viajem menos e passem o Natal em casa. Percebemos esse movimento e nos adiantamos, preparando nossos estoques”, afirma o gerente comercial da loja, Augusto Franco.

Luzes na praça da Liberdade

Em 2019, após a Cemig anunciar que não teria condições de arcar sozinha com a iluminação de Natal da praça da Liberdade, um grupo de empresários se reuniu para custear a atração. Neste ano, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) já está correndo atrás de parceiros.

Entretanto, o lado financeiro não será o único desafio. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) ainda precisa liberar o evento, que acaba atraindo aglomerações. 

Por meio da assessoria de imprensa, a PBH informa que o departamento que cuida do patrimônio histórico da cidade ainda não recebeu nenhum pedido para a montagem, e adianta que o processo de autorização deve levar em conta os índices da Covid-19 na capital.