O caminhoneiro autônomo tem motivos de sobra para se preocupar. Para além do preço do diesel, que ultrapassou o da gasolina nos postos do Brasil pela primeira vez, segundo o Sincopetro (sindicato representante dos postos), o profissional ainda tem de arcar com outros custos que pesam no bolso.
Ser o próprio chefe possibilita a escolha de horários de trabalho, de quantidade de viagens e tipos de fretes a negociar. Por outro lado, também implica em ser responsável com gastos que vão desde a manutenção do veículo e legalização da atividade até a contabilidade e captação de fretes, com negociação de valores e prazos.
Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), atualmente, operam no mercado mais de 847 mil transportadores autônomos de cargas (TACs).
Muitos dos caminhoneiros que atuam nessa modalidade também buscam flexibilidade quanto ao faturamento. Se ele é seu próprio patrão, há a possibilidade de aumentar o lucro.
Mas, o profissional acaba ficando refém da economia, uma vez que se ela estiver aquecida, as chances de ganhos automaticamente se elevam. Caso contrário, o transportador pode se ver na situação de pegar fretes mais baratos ou até de ficar ocioso.
“Hoje, o grande vilão para o transportador autônomo é o óleo diesel. Em média, o diesel representa 60% do frete do caminhoneiro. Levando isso em consideração, sobra apenas 40% para ele tirar os custos e ficar com a remuneração,” ressalta Wagner Almeida, presidente da Federação dos Transportadores Autônomos de Cargas do Estado de Minas Gerais (Fetramig).
Mas afinal, qual a média de gasto do caminhoneiro que trabalha por conta própria? Quanto ele chega a ter que desembolsar para arcar com os custos do veículo?
A reportagem conversou com Wagner Almeida, presidente da Fetramig, que destacou (em média) os preços de alguns itens e serviços básicos para o transportador autônomo. Confira:
Revisão do veículo
O caminhão deve passar por manutenções preventivas a cada três meses, no mínimo. O serviço varia de acordo com o ano e modelo do veículo, mas em cada manutenção, calcula-se que o transportador tenha que gastar cerca de R$ 4 mil. O que representa um gasto mensal de aproximadamente R$ 1 mil.
Pneu
Um pneu novo de caminhão (liso) custa na faixa de R$ 2.500,00. Ele roda em torno de 70 mil quilômetros. Se o caminhoneiro rodar de 7 a 8 mil/km por mês, ele terá que trocar o pneu aproximadamente a cada 10 meses.
Rastreador
Para manter o veículo monitorado, o custo mensal é em torno de R$ 150.
Seguro
Caso o transportador opte por contratar um seguro para o caminhão, junto a uma cooperativa, por exemplo, ele desembolsará cerca de R$ 500 por mês.
Pedágio
Não é de obrigação do caminhoneiro o pagamento do pedágio. A lei 10.209/2001 prevê o vale pedágio ao transportador e determina que o pagamento de pedágio, por veículos de carga, passa a ser de responsabilidade do embarcador.
Contudo, quando esta legislação é descumprida, o transportador autônomo que roda cerca de 9 mil quilômetros por mês, pode chegar a gastar até R$ 900 mensais por eixo.