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Pesquisa da UFMG quer levar inteligência artificial para indústria automotiva

Em parceria com outras universidades e com a Stellantis, estudo utilizará a tecnologia para oferecer aos motoristas melhor proveito do tempo gasto no trânsito


Publicado em 11 de maio de 2023 | 15:13
 
 
 
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Uma das reclamações mais recorrentes dos motoristas de Belo Horizonte, o tempo perdido no trânsito pode ser amenizado nos próximos meses. Não é que algum projeto de mobilidade urbana será anunciado, mas a novidade fica por conta de um projeto de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que visa aprimorar a experiência dos condutores durante o deslocamento. A ideia é usar a inteligência artificial para oferecer aos motoristas um melhor proveito desse tempo gasto no trânsito. 

O ranking 2022 Global Traffic Scorecard desenvolvido pela empresa de software e de monitoramento de localização INRIX, revelou que a capital mineira tem o segundo pior trânsito do Brasil, e um dos 50 mais difíceis do mundo. Os números incomodam quem dirige. O levantamento diz que são cerca de 65 horas por ano parado nas ruas de BH. Já a velocidade média nos horários de pico é de 13 km/h.

Um projeto elaborado pela equipe de pesquisadores do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG e da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em parceria com a Stellantis, aparece como sugestão para diminuir o impacto dessa "perda de tempo". Um dos principais objetivos do estudo é que a tecnologia permita que o motorista, enquanto estiver preso no trânsito, possa desenvolver outras funções, como por exemplo, fazer compras no supermercado ou reservar um restaurante por meio da central multimídia do carro.

O projeto, desenvolvido pelos pesquisadores do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG Rodrygo Santos e Marcos André Gonçalves e Leandro Balby Marinho, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), recebeu parecer positivo e foi selecionado por um programa do governo federal que incentiva pesquisas da indústria automobilística, -Rota 2030- para financiamento de recursos. O estudo terá um investimento total de R $1,4 milhão ao longo dos próximos 18 meses, tempo em que será testado e avaliado para se transformar em um protótipo. 

Segundo Rodrygo, os carros não são mais somente um meio de transporte, mas eles estão cada vez mais conectados e inteligentes. “Os veículos tornaram-se poderosos dispositivos digitais, capazes de capturar informações do ambiente e do motorista por meio de vários sensores, além de acessarem informações digitalmente por meio de uma conexão com a internet. A principal tarefa do motorista ainda é conduzir o carro, mas ele pode desenvolver funções secundárias, incluindo respostas às situações de trânsito, ou mesmo terciárias, dissociadas da direção, como acessar a produtos e serviços de interesse", enfatizou Rodrygo. 

Funcionamento 

O professor explica que a tecnologia fará recomendações aos condutores, baseadas no perfil e no histórico deles. “Alguns fatores como que horas são, o clima, ou o destino dos motoristas serão consideradas na hora da indicação ao motoristas. A gente quer casar as informações com a preferência dos condutores para que sejam úteis a eles, e facilitem sua rotina no dia a dia. A ideia é mostrar no painel do carro as notificações, para que o motorista não tenha que parar para ficar olhando a tela do celular", destaca. 

Se o motorista estiver próximo do horário do almoço, por exemplo, o dispositivo poderá informá-lo: “Olha, você está passando próximo a um restaurante de sua preferência. Gostaria que eu fizesse a reserva para você?” Ou coisa do tipo: “Está perto da data de você fazer compras. Gostaria que eu fizesse uma lista para você?”. 

Segundo Rodrygo, dois cuidados serão tomados neste desenvolvimento. O primeiro é o de fazer com que a tecnologia seja menos invasiva, e não atrapalhe o motorista em sua função principal, que é dirigir. O segundo, é sobre os dados que serão acessados para personalizar as recomendações aos usuários. Neste caso, o objetivo é garantir que essas informações sejam utilizadas de forma segura, respeitando as leis de proteção de dados. 

Os beneficiários 

Para o professor do DCC/UFMG, caso os resultados alcançados sejam os pretendidos pelos pesquisadores, haverá três beneficiários: o motorista, que terá uma jornada mais produtiva ao não desperdiçar tempo no trânsito; as empresas de divulgação de serviços e produtos; e, por fim, as montadoras, que poderão oferecer um produto diferenciado para os consumidores.  

Uma das fabricantes que já utiliza essa ferramenta de conexão nos veículos é a Stellantis. O grupo automotivo conta com uma plataforma de e-commerce, chamada Cart, que disponibiliza aos motoristas em tempo real dicas de compras de suas lojas favoritas que estejam no entorno de seu trajeto. A iniciativa pioneira no setor automotivo tem o objetivo de assegurar uma mobilidade conectada, segura e fluida que proporcione novas experiências aos motoristas, que podem resolver várias situações do dia a dia a partir de seu veículo. 

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