No bolso

Postos tentam explicar aumento da gasolina acima do esperado e antes da hora

Segundo o Minaspetro, sindicato que representa os postos, o combustível já está saindo das distribuidoras com preço mais alto desde a semana passada


Publicado em 29 de junho de 2023 | 20:54
 
 
 
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Os postos de combustíveis de Belo Horizonte não querem ser apontados como culpados pelo aumento acima do esperado e antes da hora no preço do litro da gasolina nas bombas, com o retorno integral dos impostos federais - PIS/Cofins e Cide.

O reajuste estava previsto para ocorrer no sábado, dia 1º de julho, mas os postos já estavam com os preços mais altos nesta quinta-feira (29). E o aumento de R$ 0,34, previsto pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), passou dos R$ 0,60 em alguns estabelecimentos da cidade.

“Os postos também ficaram surpreendidos quando abriram pela manhã para fazer os pedidos. Já havia a majoração tributária dos impostos federais sobre a gasolina. Havia uma dúvida se seria no dia 29 de junho ou no dia 1º de julho. Acabou que o Congresso Nacional não se manifestou sobre a Medida Provisória (nº 1163/2023) e ela perdeu a validade. A tributação voltou na virada do dia 28 para o dia 29 e as distribuidoras já aplicaram a majoração tributária nesta quinta-feira”, afirma Rafael Macedo, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro).

Os tributos federais sobre os combustíveis foram zerados pelo então presidente Jair Bolsonaro em 2022, numa tentativa de reduzir os preços dos combustíveis, que haviam subido bastante por causa do aumento do valor internacional do barril de petróleo, com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. 

Os impostos voltariam a ser cobrados no início deste ano, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu prorrogar por dois meses a isenção dos tributos federais. Em março, houve o retorno parcial da cobrança. E a cobrança total estava prevista para o dia 1º de julho, mas ocorreu dois dias antes.

E ao ser questionado porque o valor do reajuste foi maior do que o previsto pela Abicom, o presidente do Minaspetro afirmou que as distribuidoras já estavam aumentando o preço da gasolina que é vendida para os postos desde a semana passada, além de não atender a quantidade de combustível pedida pelos estabelecimentos.  

“Na verdade, os postos já pagaram mais caro e já vêm pagando mais caro desde a semana passada. O Minaspetro já havia alertado para a imprensa que as distribuidoras vinham aumentando seus valores progressivamente. E como a competitividade no varejo é muito grande, o que pôde ser observado é que alguns postos já repassaram os custos nesta quinta, mas outros não repassaram pois o mercado é livre tanto na distribuição quanto no varejo. Então o que a gente percebeu é que as distribuidoras anteciparam essa majoração tributária durante a semana, especialmente ao longo dos últimos 7 dias”, argumenta Macedo.

O Minaspetro alega ainda que o mercado de combustíveis “depende de vários elos da cadeia” e que “os postos são responsáveis pela menor representatividade do preço final das bombas”, com a menor margem na cadeia.

A reportagem de O Tempo procurou o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) para saber qual a versão das distribuidoras de combustíveis sobre o reajuste maior do que o esperado. Segundo o instituto, "os agentes dos setores de distribuição e de revenda são livres para adotar a melhor dinâmica comercial de repasse desse aumento de custo de acordo com as suas estratégias de negócio."

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