O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, está defendendo a reabertura gradual de estabelecimentos comerciais. Em entrevista à rádio Super 91,7 FM, o dirigente disse que o isolamento social serviu para que o governo federal e os Estados se preparassem, mas agora é possível adotar medidas preventivas mais inteligentes que o isolamento. “Se todo mundo ficar isolado para o resto da vida ninguém vai pegar coronavírus. Mas qual é a consequência disso?”, questionou.
Roscoe é a favor do uso obrigatório de máscara para entrar nas lojas e que tenha álcool em gel na porta delas. "Por que temos que fechar todos os estabelecimentos comerciais? Os de shopping center eu até compreendo, têm que entrar num segundo momento, tem ar-condicionado central. Mas lojas de centro, de bairro, lojas de rua? Já não há mais necessidade, já há um amplo abastecimento de máscaras. O álcool gel foi colocado em produção em inúmeras fábricas. A indústria está fazendo a sua parte. Está produzindo mais máscara, está produzindo mais álcool gel. Está tentando produzir respirador. Nós temos que gradualmente ir retornando. Tem atividades que eu sou totalmente a favor de serem afastadas por mais tempo: shows, grandes aglomerações, shopping centers, cinema, museus, clubes. Esse tipo de coisa eu concordo que fique fechado”, defendeu Roscoe.
O dirigente da Fiemg informou que mais ou menos 5% dos leitos dos hospitais de Minas Gerais estão ocupados com pacientes de Covid. “Nós achatamos a curva demais porque o objetivo da curva era que não sobrecarregasse o sistema. O objetivo era que o sistema não explodisse. O achatamento da curva era trazer aqueles pacientes que estariam hospitalizados todos ao mesmo tempo para outros momentos. Isto não está ocorrendo. Estamos com sobra de sistema hospitalar hoje, igual estávamos antes. Só que com mais sobra do que antes porque os outros doentes não estão indo (aos hospitais)”, explicou.
De acordo com Roscoe, as pessoas vão morrer de outras coisas: o paciente que tem cardiopatia não está indo ao cardiologista, a pessoa com tratamento de câncer não está indo ao hospital porque tem medo de pegar coronavírus. “Vai ter gente morrendo de outras doenças por falta de tratamento. Os hospitais estão correndo o risco de quebrar porque os outros pacientes das outras doenças não estão indo e como não tem paciente de Covid os hospitais estão às moscas com os mesmos custos”, comparou. Roscoe admitiu que o achatamento da curva defendido por muitos, inclusive, pela própria Fiemg, se deu de maneira até exagerada devido à enorme ociosidade nos hospitais.
Diante do atual cenário, a Fiemg está propondo um plano de retomada e já deu algumas sugestões ao Estado. “O governo do Estado vai propor, na semana que vem, um plano de retomada da economia mineira estabelecendo um protocolo.O que é isso? O que pode abrir e quando, e em que determinados parâmetros. Uma cidade que tem um caso de Covid ou nenhum caso está totalmente fechada. Não tem lógica”, informou.
Neste mês, Roscoe acredita que o comércio e a indústria devem estar parcialmente reabertos de acordo com um cronograma e estipulando protocolos. Entrar de máscara, lavar as mãos de álcool gel na entrada da loja e limitar o número de pessoas por metro quadrado numa loja são situações defendidas pelo dirigente. “Não tem que encerrar a atividade. O que estamos fazendo hoje é uma coisa draconiana: fecha tudo. As pessoas estão fazendo isso sem medir as consequências, sem saber quais são as consequências. Já tivemos aumento da violência razoável no primeiro mês, e nem começamos a crise econômica que vai ser derivada do Covid”, criticou.
Roscoe disse que ainda não tem o número consolidado de pessoas demitidas em Minas. “A gente recebe informações de cidades do interior que estão demitindo com setores que estão demitindo”, contou. Em Minas Gerais, as indústrias geram 1,150 milhão de empregos diretos e pagam 48,8% dos impostos do Estado. “Se a indústria parar, o Estado para de arrecadar. Ele para de arrecadar, não tem como pagar os funcionários públicos”, sentenciou Roscoe.
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