Estiagem

Racionamento de água avança junto com a longa seca

Quase 80 cidades já decretaram estado de emergência

Por Queila Ariadne
Publicado em 14 de setembro de 2017 | 03:00
 
 
 
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Com a falta de chuvas e de investimentos, a seca avança em Minas Gerais. Segundo a Defesa Civil, 77 municípios já decretaram estado de emergência no Estado. O racionamento de água avança junto. Só entre as 626 cidades abastecidas pela Copasa, 27 estão em sistema de rodízio. Mas o número vai muito além, uma vez que várias cidades têm seu próprio sistema. É o caso de Viçosa, no Sul do Estado, que começará o racionamento no próximo sábado. A medida foi anunciada nessa quarta-feira (13) pela prefeitura e pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) da cidade.

“Dividimos a cidade em três grupos. Cada um terá o abastecimento interrompido duas vezes por semana. A suspensão vai durar 24 horas, sempre das 14h de um dia até as 14h do outro”, anuncia o prefeito de Viçosa, Ângelo Chequer (PSDB).

A cidade tem duas estações de abastecimento. “São Bartolomeu, que atende a 30% da população, normalmente tem uma vazão de 80 litros por segundo (l/s), mas está em 10 l/s Já estamos no volume morto e só temos água suficiente até 30 de setembro”, ressalta.

A outra estação é a do rio Turvo Sujo, que atende a 70% da população. São cerca de 78 mil habitantes. As duas são interligadas e, por isso, toda a cidade participará do racionamento, que tem acontecido todo ano desde 2014. “Fizemos um investimento de R$ 4,5 milhões desde 2015 e mudamos a lógica do abastecimento para melhorar as condições. Agora, conseguimos R$ 1 milhão para elaborar um projeto de uma terceira estação, que terá condições de sustentar o abastecimento por 30 anos”, afirma.

Em Formiga, na região Centro-Oeste, o racionamento começou em agosto. Os moradores chegam a ficar até dois dias sem abastecimento. O morador Eduardo Lacerda, 28, conta que todo mundo faz sua parte. “Reutilizamos a água usada para lavar roupas e tomamos banho dentro de uma bacia, para reaproveitar”, relata.

Segundo o diretor do Saae de Formiga, José Pereira Souza, o volume tratado caiu para menos da metade. “Tratávamos 15 milhões de litros de água por dia, além de 4 milhões dos poços artesianos. Agora são 8 milhões de litros por dia”, destaca. A prioridade são escolas, hospitais e presídio. “Contamos com dois caminhões-pipa. Mas, se fossem 50, ainda não seriam suficientes.” Souza destaca que a solução está na construção de uma barragem para represar e garantir água na época da seca. O investimento é estimado em R$ 20 milhões e demoraria quatro anos.


Arcos

Copasa recorre a caminhão-pipa

Moradores de Arcos, que tem cerca de 40 mil habitantes, estão sob alerta. A vazão dos córregos das Almas e Vargem dos Britos reduziu drasticamente, e a Copasa já está recorrendo à captação em poços profundos e a caminhões-pipa para o transporte de água de outros mananciais da região até a Estação de Tratamento de Água (ETA) de Arcos. “O contrato de programa assinado com o município prevê implantação de nova captação no córrego Candongas até o final de 2018”, afirma a Copasa, por meio de nota à reportagem.

Moradores de Divinópolis e Nova Serrana, cidades próximas a Arcos, ainda não enfrentam rodízio, mas estão preocupados. A Copasa afirma que o volume dos mananciais está normal, e informa que as obras para melhorias em Divinópolis já estão em fase de contratação. Também destaca a construção de uma ETA em Nova Serrana, na margem do rio Pará, e a implantação de sete novos reservatórios. As obras devem ficar prontas em 2018.

Investimento. Para tentar amenizar o problema da seca, a Copasa está investindo R$ 135 milhões em uma obra de captação no rio Pacuí, a 56 km do município, para atender a cidade.

Lista da Copasa: Arcos, Bom Despacho, Capitão Enéas, Catuti, Engenheiro Caldas, distrito de São José do Acácio (em Engenheiro Caldas), Fernandes Tourinho, Iapu, Ibiracatu (distrito de Bonança), Lagamar, Mato Verde (distrito São João do Bonito), Montes Claros, Pai Pedro, Paracatu, Perdigão, Poté, Resplendor (distrito de Calixto), Revés do Belém (distrito de Bom Jesus do Galho), Riacho dos Machados, Sardoá, Sobrália, Taiobeiras, Tarumirim, Ubá, Urucânia e Varzelândia.

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