Há praticamente sete meses sem receber visitas presenciais, os moradores do Instituto Geriátrico Afonso Pena da Santa Casa BH (Igap) aderiram a um tratamento à base de riso para combater os efeitos colaterais do isolamento. Duas vezes por semana, os idosos passam por teleconsultas, onde são avaliados por “especialistas em besteirologia” do Instituto HaHaHa. Para eles, rir tem sido realmente um ótimo remédio. “Antes da pandemia, os palhaços vinham aqui pessoalmente. Agora que não podem entrar, eles fazem lives. Já aparecem na tela fazendo gracinha. É muito divertido”, conta o idoso José de Brito, 68.

A coordenadora artística do HaHaHa, Gyuliana Duarte, conta que o maior desafio tem sido manter o vínculo com os moradores de lares de idosos e pacientes de hospitais que eles visitavam. “Assim que a pandemia começou, cortamos todas as visitas, devido ao risco, mas adaptamos as nossas ações para o virtual, e a interação tem sido surpreendente”, diz. 

Atualmente são nove artistas que se revezam para arrancar sorrisos realizando procedimentos como “transplante de chulé” e “exame de veia cômica”. Além das interações ao vivo, por meio de lives, eles também gravam vídeos para os idosos. “Os artistas tiveram que se adaptar e acabaram aprendendo técnicas de roteiro e iluminação, por exemplo”, explica Giyuliana. Entre os tratamentos mais indicados estão “soltar a franga três vezes ao dia” e manter o “risolamento”. Os vídeos estão disponíveis no canal do HaHaHa no YouTube.

 

Psicóloga vira cabeleireira

Por mais que a tecnologia ajude, em alguns casos, só mesmo uma solução presencial. E, para não quebrar o isolamento, o jeito é buscar saídas alternativas. No Igap, tem enfermeiro cortando cabelo, tem cuidadora fazendo unhas e psicóloga tingindo o cabelo e fazendo escova. “Com a pandemia, as visitas dos voluntários que faziam esses serviços foram suspensas. Então, a gente teve que se virar. Com isso, vários talentos foram descobertos”, brinca a psicóloga Cátia Faria. Ela também tem organizado oficinas de artesanato e aulas de meditação. “Assim, vamos descobrindo novas habilidades”, conta.