Os números no rastro da cantora pop norte-americana Taylor Swift são, geralmente, estratosféricos. A passagem de sua turnê pelos EUA neste ano adicionou US$ 4,3 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) do país e ajudou a torná-la uma artista bilionária. Seus shows — que chegam ao Rio de Janeiro no final desta semana e em São Paulo, na seguinte — passam de três horas. O filme que reproduz a apresentação faturou mais de US$ 90 milhões na estreia em seu país-natal e se tornou o recordista do gênero nos cinemas. Os tentáculos de Taylor Swift na economia são tão extensos que alcançam, também, os corredores da Galeria do Ouvidor, no centro de Belo Horizonte.
Nas últimas semanas, fãs da cantora têm movimentado as lojas de artesanato da galeria em busca das miçangas ideais para suas “pulseiras da amizade”, que planejam trocar avidamente entre si nos shows da artista, que começam nesta sexta-feira (17/11). Em algumas lojas, as vendas quase dobraram em comparação ao ritmo habitual desta época do ano, e algumas opções começam a faltar.
As pulseiras são pontilhadas por contas coloridas, letras e títulos de músicas e se tornaram quase obrigatórias entre os admiradores de Swift que conseguiram um ingresso para a turnê — que chegam a R$ 1.050. Elas são baseadas em versos de uma de suas músicas lançadas em 2022, “You’re on your own, kid” (“Você está por sua conta, criança”), que cita os acessórios. Alguns dos vendedores da Galeria do Ouvidor nunca haviam ouvido falar da cantora e, muito menos, da canção, mas atestam que Swift está mexendo com a rotina deles
“Nesta época, não é normal vender tanta miçanga. Estamos trabalhando mais na última semana e nesta. Compramos cinco vezes mais miçangas com letras. Percebemos a demanda e conseguimos fazer um estoque bem alto para não faltar, mas algumas cores começaram a acabar. A vermelha foi a primeira”, descreve a gerente da Eliane Bijouterias, Fernanda Nunes. No universo de Taylor Swift, cada detalhe tem um simbolismo: as miçangas vermelhas, por exemplo, são associadas ao seu álbum “Red”, nome da cor em inglês.
Em outra loja da galeria, a Ornatos Bijuterias, as vendas das miçangas de letras e números aumentaram cerca de 80% em comparação a períodos habituais, diz a gerente, Débora Medina: “na semana passada, vendemos dez quilos. Isto é muita coisa, porque cada pacotinho de 20 g tem umas 200 letras sortidas. Cada cliente gasta mais ou menos R$ 50”. Alguns modelos de miçanga já não são encontrados com os fornecedores, a maioria da 25 de Março, em São Paulo. “Agora que não estão chegando mais, os clientes levam o que tiver”.
Além do frenesi das compras, a galeria dos anos 60 tornou-se ponto de encontro de centenas de adolescentes e adultos fãs de Swift. Fernanda Nunes, da Eliane Bijouterias, comprova que antes mesmo dos shows começarem, as “pulseiras da amizade” têm feito juz ao nome: “tem meninas que acham outras aqui que vão aos shows também e combinam de se encontrar, trocam telefone. Às vezes, uma não sabe o que comprar, e a outra explica”.