BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou neste sábado (24), pela primeira vez dede o início da campanha eleitoral, de um comício do candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol), e da vice na chapa, Marta Suplicy (PT). O evento político foi em Campo Limpo, bairro da Zona Sul da cidade onde mora o candidato. 

Lula fez um discurso de quase 30 minutos e contou sobre como começou sua relação com Boulos. “Eu conheci o Boulos fazendo protesto na frente da minha casa, em 2005, no meu primeiro mandato de presidente. Cheguei em casa tinha umas barracas e me disseram que era o MTST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]”, disse.  

O petista falou sobre outras ocupações feitas pelo aliado com reivindicação por moradia popular e que foram alvo de crítica. Lula disse que, nesse momento, ouviu “falar mal” de Boulos e decidiu iniciar uma conversa.  

“O resultado disso é uma relação política civilizada. Eu poderia ter rompido com o Boulos, chamado ele de invasor de terras, um cara que só quer briga e confusão. Ao invés de fazer isso, resolvi me aproximar, compreender e conversar. É com muito orgulho que eu estou pela primeira vez na cidade de São Paulo pedindo voto para um companheiro que não seja do PT”, afirmou.

Lula declarou que Boulos não pode ser visto como o candidato do Psol, mas sim de todos os partidos que compõem o campo político de esquerda. “A gente não está apoiando o Boulos por favor, mas sim porque a gente precisa que São Paulo tenha o melhor para governar essa cidade”, frisou.  

“Nós estamos juntando a energia de um jovem de 42 anos com a experiencia da mais bem-sucedida administração da cidade de São Paulo. A Marta Suplicy, para fazer uma revolução administrativa e uma revolução social”, completou, acrescentando que Boulos “será a síntese das coisas boas” que fizeram outros três prefeitos no passado: Marta, Luiz Erundina e Fernando Haddad.

Lula também pediu a eleição de Boulos como seu presente de aniversário. O presidente contou que, apesar de seu registro informar seu nascimento em 6 de outubro, sua mãe, dona Lindu, diz que ele nasceu no dia 27 do mesmo mês. As duas datas marcarão, neste ano, o primeiro e o segundo turno das eleições. “Quem não me der presente no dia 6, vai me dar no dia 27, e a gente vai ganhar essas eleições. [...] Aquilo que eu puder fazer fora do meu horário de trabalho na Presidência, eu farei”, afirmou. 

Lula também criticou as campanhas de outros candidatos, sem citar nomes. “A gente não pode olhar uma raposa e achar que ela vai tomar conta do galinheiro. A raposa pode ser simpática e até cantar como uma galinha depois que põe o ovo. Mas é importante saber que se colocar ela no galinheiro, de manhã não vai ter nem raposa, nem galinha”, afirmou.

“Eu estou dizendo isso porque eu estou vendo algumas pessoas dizerem ‘vote em mim que eu não sou da política, eu sou honesto’. Jânio Quadros dizia isso e só durou seis meses na Presidência da República. Fernando Collor dizia e só durou dois anos. O que nós precisamos de fato e de direito é o seguinte: eu quero votar no Boulos porque ele é da política, porque ele tem partido e quem tem partido, tem compromisso”, completou.

Além do comício em Campos Limpo que durou até o início da tarde, Lula participa de um segundo ato político com Boulos neste sábado. Será na Praça do Forró, em São Miguel Paulista, na Zona Leste. Ainda em São Paulo, Lula gravará vídeos para a propaganda eleitoral na casa de Boulos.

Boulos

Enquanto Lula fez críticas aos outros candidatos sem citar nomes, Boulos não poupou os adversários. "Do lado de cá, a gente tem o time do melhor presidente da história", afirmou sua campanha. Mas, de acordo com ele, "do lado de lá" há dois candidatos "que representam o pior da política brasileira, o bolsonarismo". 

As falas foram direcionadas ao atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, e a Pablo Marçal (PRTB). "Não vou deixar um prefeito incompetente como Ricardo Nunes continuar naquela cadeira. E também não vou deixar um bandido como Pablo Marçal chegar perto da prefeitura de São Paulo. Aqui, não! Que vá lá para Goiás! Aqui não tem espaço para isso", declarou.

Sobre Marçal, Boulos foi mais enfático e o chamou de "outro candidato que ganhou a vida dando golpe bancário em aposentado". A referência foi à condenação do ex-coach, pela Justiça de Goiás, por furto qualificado. O caso foi em 2005 e mirou o desvio de dinheiro de contas de bancos, como Caixa e Banco do Brasil.