BRASÍLIA - Quarto colocado no primeiro turno da disputa pela Prefeitura de Curitiba, o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) atribuiu a derrota à aliança com o senador Sergio Moro (União-PR).

A vice na chapa do candidato era a esposa do ex-juiz, a deputada federal Rosângela Moro (União-SP). Com quase R$ 7 milhões gastos na campanha, a chapa recebeu 60 mil votos.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Leprevost afirmou que se sentia como um “fantoche” do ex-juiz da Lava Jato e cometeu um erro ao aceitar Rosângela Moro como sua vice.

Leprevost terminou o pleito com 6,49% dos votos válidos, a mais de vinte pontos percentuais de Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB), que disputam o segundo turno.

“A partir do momento que ela (Rosângela) virou minha vice, o Moro passou a achar que eu era um fantoche dele, para ficar fazendo a pré-campanha dele a governador (do Paraná, em 2026)”, disse Leprevost. Ele também afirmou que o ex-juiz trouxe maior rejeição, sendo visto como “carrasco do Lula e traidor do Bolsonaro”. 

Leprevost também disse que Moro é “ruim de lidar, de difícil trato e vaidoso” e considera que não conseguiu atrair o eleitor que avalia positivamente a Lava Jato, pois o ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo) declarou apoio a Pimentel no primeiro turno.

O deputado admitiu que ele e Moro já não estavam mais se falando na reta final da campanha. Um distanciamento ocorreu cerca de 10 dias antes da votação do primeiro turno.

“Ele queria ficar saindo na propaganda de televisão. Mas eu só tinha 1 minuto e 12 segundos de televisão. Não podia ficar colocando ele o tempo todo. E ele ficou bravo e largou a campanha no final”, disse Leprevost.

Questionado se apoiaria Moro em uma eventual candidatura ao governo do Paraná em 2026, Leprevost disse que eles não devem caminhar juntos politicamente após a experiência no primeiro turno deste ano.

“Se ele for o candidato do União Brasil, eu terei que sair do partido”, disse o deputado estadual. “Não sou inimigo do Moro, não quero mal dele, mas também não quero papo com ele”, completou.

O União Brasil adotou posição de neutralidade e liberou os filiados para declararem apoio a qualquer candidato no segundo turno da eleição em Curitiba. Nem Leprevost nem o casal Moro se manifestaram favoravelmente a nenhum dos candidatos.

Moro também saiu derrotado em São José dos Pinhais, maior cidade da região metropolitana de Curitiba. Seu candidato, o deputado federal Geraldo Mendes (União-PR), ficou em segundo lugar e perdeu para a atual prefeita, Nina Singer (PSD), que foi eleita com 54% dos votos.