BRASÍLIA - Após ser derrotado por Ricardo Nunes (MDB), neste domingo (27), na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol) disse em discurso que, apesar do resultado, sua campanha “recuperou a dignidade da esquerda brasileira” na capital paulista. Ele acrescentou que não faria um discurso de derrotado.
“A gente não ganhou essa eleição. Faz parte. Eleição se perde e se ganha, o que a gente não perde é nossa dignidade. Por mais que a gente tenha perdido na urna, tivemos uma vitória importante, que foi recuperar a dignidade da esquerda. Daquilo que a gente acredita, de olho no olho como povo. É isso que importa para o futuro que vai vir, para as batalhas que a gente vai ter”, afirmou.
Ele também aproveitou para criticar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi o principal fiador da campanha Nunes. Mais cedo, sem apresentar provas, disse que o Primeiro Comando da Capital (PCC) orientou votos em Boulos. O caso já foi levado à Justiça Eleitoral pela campanha do Psol.
"Obrigado, gente! Olha eu não vou falar aqui das mentiras e dos ataques que definiram essa eleição. Eu não vou falar aqui do crime eleitoral cometido pelo governador de São Paulo hoje. Disso, a Justiça que cuide. Eu não vou. Eu não vou fazer aqui um discurso de perdedor porque a gente perdeu uma eleição”, disse.
Boulos fez o discurso para militância na Casa de Portugal, na região Central de São Paulo, ao lado da vice de chapa Marta Suplicy (PT) e do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Ele ainda agradeceu o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da família, do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) e dos candidatos Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) que o apoiaram no segundo turno.
O candidato derrotado do Psol ainda fez uma referência às eleições de 2026 em seu discurso: "A nossa luta não começou hoje e não acaba aqui. Eu tenho muita confiança que apesar de um resultado eleitoral adverso não só aqui em São Paulo, em todo o Brasil, que o futuro vai ser nosso, eu tenho muita confiança pelos exemplos, inclusive que a gente deu nessa campanha".
Campanha mais cara do país
Boulos foi o candidato com a campanha mais cara das eleições municipais deste ano - recebeu R$ 81,2 milhões de recursos e gastou, até agora segundo o portal da Justiça Eleitoral, R$ 57,2 milhões. Apesar do alto valor gasto, essa foi a sua segunda derrota seguida na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Neste ano, ele ficou com 40,65% dos votos válidos e quase repetiu o percentual do segundo turno de 2020, quando ficou com apenas 0,03 ponto percentual acima do resultado anterior.
Na época, Boulos foi derrotado por Bruno Covas (PSDB), que faleceu em 2021, deixando a prefeitura sob o comando de seu vice, Ricardo Nunes. Neste domingo, o emedebista conquistou 59,35% dos votos da capital paulista, um resultado quase idêntico aos 59,38% obtidos por Covas na eleição anterior.