BRASÍLIA - O deputado federal Guilherme Boulos (Psol) foi o segundo colocado no primeiro turno da corrida pela Prefeitura de São Paulo, neste domingo (6). Ele obteve 29,07% do total de votos válidos. Vai concorrer contra Ricardo Nunes (MDB), o mais votado, com 29,48%.

Após bater Pablo Marçal (PRTB) e outros candidatos, Boulos terá a missão de superar a rejeição apontada pelas pesquisas de intenção de votos para conquistar o comando do mais populoso e rico município do Brasil. 

Bacharel em filosofia, professor, psicanalista e ativista, Boulos, que tem 42 anos, espera reunir todas as forças da esquerda, além de atrair concorrentes de centro, como Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB), neste segundo turno.

Para tal, será necessário se livrar do estigma de radical, que ganhou principalmente à frente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que também lhe renderam o reconhecimento como uma das principais lideranças da esquerda no país.

Candidaturas a prefeito e presidente

Boulos foi candidato a presidente da República, pelo Psol, em 2018, com a hoje ministra Sônia Guajajara como vice. Com 617.122 votos (0,58%), ficou em 10º lugar.  

Dois anos depois, com a deputada federal e ex-prefeita da cidade Luiza Erundina (Psol) como vice, Boulos concorreu à Prefeitura de São Paulo, perdendo no segundo turno para o candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB).

Já em 2022, Boulos elegeu-se deputado federal, com cerca de 1 milhão de votos, sendo o mais votado de São Paulo e o segundo mais votado do país naquele pleito.

Boulos atraiu tantos eleitores ao defender, entre outros pontos, o aumento de impostos de grandes fortunas e patrimônios, ampliação das políticas de moradia e direito à cidadania, assim como a transformação das cozinhas solidárias em política pública.

Já no início de 2024, Boulos se colocou como pré-candidato a prefeito. Em 20 de julho de 2024, na convenção do Psol, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o partido oficializou a chapa, com Marta Suplicy como sua vice. A ex-prefeita de São Paulo e senadora saiu do gabinete de Ricardo Nunes e voltou para o PT.

Filhos de médicos e militância estudantil

Neto paterno de um comerciante libanês, Guilherme Boulos é filho de um casal de médicos, uma infectologista e um professor do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Na juventude e nos anos de formação, Guilherme Boulos engajou-se no movimento estudantil. Em 1997, aos 15 anos, ingressou na União da Juventude Comunista (UJC). Em 2002, entrou para o MTST. Desde então, foi preso diversas vezes, além de responder a vários processos judiciais, por causa da militância.

Ficou conhecido em 2003, quando participou da coordenação da ocupação de um terreno da Volkswagen, em São Bernardo do Campo. Voltou a ter visibilidade em 2014, na esteira das mobilizações sociais em torno da Copa do Mundo, em especial da Ocupação Copa do Povo, realizada pelo MTST no início de maio. 

Teve grande repercussão sua prisão em 17 de janeiro de 2017, cujas acusações eram de desobediência à ordem judicial e incitação à violência, durante a ação de reintegração de posse de um terreno no distrito de São Mateus. Foi solto na noite do mesmo dia. Em sua defesa, alega que sua detenção foi arbitrária e de cunho político

Boulos é graduado em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, onde ingressou em 2000. Especializou-se em psicologia clínica pela PUC/SP. É mestre em psiquiatria pela Faculdade de Medicina da USP. Foi também professor da rede pública de ensino, da Faculdade de Mauá e da Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

O candidato do Psol está casado, desde 2009, com Natalia Szermeta. O casal tem duas filhas: Sofia e Laura. Durante a campanha de 2024, chegou a chorar em entrevista, dizendo que as filhas sofriam com as declarações de Pablo Marçal, que o acusava de ser usuário de cocaína. A Justiça eleitoral removeu peças de Marçal com tais falas, Boulos negou ter usado a droga e admitiu ter fumado maconha apenas uma vez. 

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