O senador licenciado Carlos Viana (Podemos) saiu em defesa da líder comunitária Kika do Aglomerado da Serra, afirmando que ela teria sofrido ataques racistas na internet. Em vídeo publicado em sua conta no Instagram neste domingo (11/8), o pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte informou que irá denunciar às autoridades as ofensas contra Kika. Em conversa com a reportagem de O TEMPO, Viana reforçou que o nome da líder comunitária permanece como sua escolha a vice na disputa das eleições de 2024.

Na publicação em suas redes sociais, Viana aponta que os discursos de ódio direcionados à Kika estariam partindo de pessoas alinhadas a diferentes vieses políticos. “Quem me conhece sabe das minhas posições e, como jornalista, sempre defendi todas as classes sociais, eu não faço diferença entre as pessoas. Nós estamos cansados dessa polarização no Brasil”, diz no vídeo.

A O TEMPO, o pré-candidato à PBH relatou que os ataques se iniciaram na última quinta-feira (8/8), quando o nome de Kika foi anunciado como vice na chapa. Conforme Viana, as ofensas são direcionadas a pessoas que vivem em aglomerados por meio de comentários nas redes sociais. “Nós retiramos alguns comentários porque são muito ofensivos. Eu já sabia que aconteceriam porque eu mesmo venho sendo atacado por conta da minha candidatura, com muita milícia digital, muito robô. São perfis falsos que entram para atacar.”

Além de conotações racistas, em alguns comentários nas redes sociais, aos quais a reportagem de O TEMPO teve acesso, usuários apontam, em tom de crítica, que Viana estaria se associando à esquerda. A equipe do senador licenciado informou que as denúncias serão encaminhadas à Polícia Federal e ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

“Decidi denunciar porque entendo que não podemos tolerar esse tipo de política”, ressalta Viana a O TEMPO.

Ataques em meio a impasse

A defesa à líder comunitária ocorre em meio a um impasse no Podemos para definição de vice na chapa de Viana para as eleições. Enquanto o diretório estadual do partido aponta Renata Rosa como nome para o cargo, a equipe do parlamentar afirma que Kika do Aglomerado da Serra irá compor a chapa.

À reportagem, o senador licenciado relatou que a escolha de Kika para compor sua chapa ocorreu por conta de sua atuação em vilas e aglomerados em Belo Horizonte. Seu nome chegou ao pré-candidato por meio da Central Única das Favelas (Cufa). Conforme Viana, uma pesquisa qualitativa de sua equipe mostrou que os eleitores não desejam mais “padrinhos políticos”, o que o levou a abandonar a negociação com outras legendas e procurar um perfil mais ativo na sociedade.

“A Kika tem uma trajetória grande de trabalho nas comunidades. Essa foi a decisão sobre escolhê-la. O partido tinha apresentado um outro nome, mas entendemos que a Kika iria agregar muito mais em termos de capilaridade para dar voz a parcela de Belo Horizonte que sempre votou, mas nunca participou das decisões”, justifica.

Questionado sobre o impasse com o Podemos, Viana voltou a reforçar que a decisão final é sua. “Estou tentando, de todas as maneiras, pacificar com o partido para fazermos registro de candidatura conjunta, mas não temos conseguido”, diz. “Continuamos tentando o diálogo. Se não for possível, vamos ter uma intervenção do diretório nacional.”

Conforme o pré-candidato, a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, teria dado o aval para que ele escolhesse sua vice. A reportagem de O TEMPO procurou a presidente estadual da legenda, a deputada federal Nely Aquino, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.