BRASÍLIA - A campanha do candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena, protocolou nesta terça-feira (17) uma queixa-crime por calúnia e difamação na Justiça Eleitoral contra Pablo Marçal (PRTB). Os dois concorrentes ao comando da capital paulista protagonizaram uma confusão no último domingo (15), durante debate da TV Cultura, que terminou com o tucano jogando uma cadeira no ex-coach. 

Cerca de 45 minutos antes de levar a cadeirada no debate, Marçal provocou Datena e se referiu ao adversário como “jack”, gíria comum em presídios para identificar acusados de estupro. Marçal recuperou uma denúncia de uma ex-funcionária da Band, emissora que tinha Datena no comando de um programa policial, que acusou o então apresentador de assédio sexual

“Sabe o que eu estou falando, né? Tem alguém aqui que é ‘jack’. Está aqui tirando onda, apoiando censura, mas é alguém que responde por assédio sexual. Essa pessoa dá pena”, acrescentou o candidato do PRTB, sugerindo que o tucano “paga milhões” pelo silêncio da repórter que o denunciou.

O processo correu na Justiça de São Paulo, mas a denúncia foi retirada, meses depois, por uma carta protocolada em cartório. Com isso, o caso foi arquivado pela Justiça em 2019. Depois, a repórter declarou que foi induzida a escrever a carta após um processo de calúnia movido por Datena, mas que as acusações seriam verdadeiras. 

A referência à denúncia foi o principal motivo que levou Datena a dar uma cadeirada em Marçal durante a transmissão do debate. O candidato tucano afirmou que o caso atingiu sua família a ponto de contribuir para a morte de sua sogra. “As acusações que Marçal fez diante de milhões de pessoas são graves. E absolutamente falsas”, disse. 

Nos minutos que antecederam a agressão, Marçal perguntou a Datena quando o adversário iria parar com a “palhaçada” e desistir da candidatura. Na resposta, o candidato do PSDB chamou o ex-coach de “bandidinho”. Ocupando o tempo de réplica, o empresário continuou as ofensas. Em seguida, a situação escalou e Datena saiu de sua bancada com a cadeira em mãos e acertou o adversário.

A situação resultou na paralisação do debate e na expulsão de Datena, que alegou ter “perdido a cabeça” após a referência ao suposto caso de assédio, mas disse não ter se arrependido da agressão. A defesa do tucano apresentou ao Ministério Público Eleitoral pedido para que o órgão ofereça denúncia contra Marçal por crimes contra a honra de Datena. 

No debate da RedeTV e portal Uol que aconteceu na manhã desta terça-feira, Datena comentou sobre o episódio. "Não estou nem um pouco feliz com o que aconteceu no último debate, claro que não. Mas desde criança o meu pai me ensinou que eu teria que honrar a mim mesmo e a minha família até a morte. E eu estou disposto a fazer isso, mas estou disposto a conversar", disse.