Por volta das 10h de uma quinta-feira, o candidato à prefeitura Bruno Engler (PL) recebeu a reportagem de O TEMPO no apartamento de pouco mais de 40 m², no bairro Lourdes, região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Habituado às aparições públicas desde 2016, quando ajudou a fundar o movimento Direita Minas, o deputado estadual mais votado da história do Estado mostrou certa timidez ao abrir, pela primeira vez, as portas de sua casa para a imprensa. Mas bastou o aviso de que as câmeras seriam ligadas para que o desconforto desse lugar ao político de expressão bem mais confiante e de fala articulada. 

Candidato mais jovem a disputar a chefia do Executivo municipal, Bruno Engler tem 27 anos e mantém alugado, há quatro anos, uma quitinete a um quarteirão da Assembleia Legislativa, onde cumpre mandato desde 2019. Sem se preocupar em redecorar o espaço – locado com alguns móveis e eletrodomésticos fabricados entre o fim dos anos 1980 e o início da década de 1990 –, o deputado afirma ter escolhido o espaço pela proximidade com o gabinete parlamentar. Mas admite que prefere estar rodeado da família, no bairro Serra, onde viveu dos 9 aos 23 anos. “Eu sou muito mais feliz na casa da minha avó, na casa da minha mãe, com gente em volta. Aqui sozinho é mais pela praticidade mesmo”, explica o candidato.

No apartamento, Engler mantém apenas duas fotos: uma da mãe, Rita Engler, e outra dele ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é afilhado político. Essa última, já desbotada pela ação do tempo, foi tirada em 2020, no Palácio do Planalto. “Ganhei a versão impressa de presente e coloquei ali”, mostra o candidato, ao apontar para a imagem fixada com dois imãs na porta da geladeira. Filho de uma professora universitária e de um administrador, Engler nasceu em 1997, em Curitiba (PR), mas não tem memórias do Sul do país, onde viveu por menos de um ano. Devido à profissão do pai, morou em São Paulo até os 9 anos. Lá, nasceu a irmã Júlia, 11 meses mais nova. 

Memórias

Apesar das passagens por outros Estados, o candidato considera que as melhores memórias da infância foram construídas nas festividades de Natal na casa da avó materna, quando já morava em Belo Horizonte. Ex-aluno dos colégios Marista Dom Silvério e Santo Antônio (na região Centro-Sul), Engler sustenta que sempre foi bom em história, geografia, sociologia e filosofia, mas admite que escorregava nas disciplinas de exatas. “Química sempre foi um calcanhar de aquiles”, revela o parlamentar, que concluiu o ensino médio no tradicional Colégio Sagrado Coração de Maria.

Foi nessa mesma época, aos 17 anos, que Engler diz ter se descoberto conservador de direita. Segundo ele, esse despertar para a política aconteceu durante as eleições presidenciais de 2014, período em que fez campanha contra Dilma Rousseff (PT). “O candidato era o Aécio (Neves), que perdeu e prometeu fazer oposição firme a favor do Brasil. Não fiquei satisfeito com o trabalho dele no Senado e fui buscar quem realmente fazia oposição ao governo do PT. Foi aí que conheci a figura do então deputado Jair Bolsonaro”, lembra.

Apesar da militância, Engler revela que não votou em 2014 por estar fora do país com a mãe, que tinha viajado para realizar uma pesquisa acadêmica. Mesmo assim, a experiência foi o pontapé inicial para a carreira precoce na política. De lá para cá, conseguiu atrair a atenção de Bolsonaro devido à atuação nas redes sociais e no movimento Direita Minas, e disputou, em 2016, a primeira eleição municipal como candidato a vereador de BH, pelo PSC. “Uma curiosidade: a primeira pessoa em quem eu votei foi em mim”, revela Engler, aos risos. Naquele ano, teve 2.247 votos e não se elegeu. 

Desde então, o parlamentar trancou a faculdade de direito e já participou de cinco eleições. Foi eleito duas vezes como deputado estadual e se tornou recordista de votos para a Assembleia, ao ser escolhido por 637.412 eleitores em 2022. Agora, chega ao sexto pleito ao concorrer, pela segunda vez, ao mais alto cargo do Executivo municipal. Com a intensa agenda de parlamentar e candidato, Engler encontra na cafeína uma espécie de combustível para encarar tantos compromissos. “Eu não sei quem funciona sem café”, brinca. Mas, quando quer se desligar momentaneamente da vida pública, a bebida predileta muda: “gosto de me sentar com os amigos em um boteco, tomar uma cerveja e falar sobre a vida”, conta o candidato, que gosta de ir ao estádio para acompanhar os jogos do Atlético.

Entre as rotinas das quais não abre mão, Engler cita as visitas semanais à casa da mãe e a ida à missa aos domingos, na paróquia de Santa Rita de Cássia, no bairro São Bento, região Centro-Sul. 

Bate-Pronto

Em qual candidato(a) foi seu primeiro voto?

É até uma curiosidade: a primeira pessoa em quem eu votei foi em mim. Foi quando concorri a vereador, em 2016.

O que faz nos momentos de lazer?

Quando dá tempo, gosto de sair com amigos para sentar em um boteco, tomar uma cerveja e falar sobre a vida. 

Qual último livro que leu?

Gosto muito dos livros do professor Olavo de Carvalho. “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota” é leitura obrigatória. É um livro de fácil leitura. Mas a última obra que li foi “A arte da guerra” (Sun Tzu). 

Qual é seu estilo musical preferido? 

Sertanejo.

Qual é seu prato predileto? 

Churrasco.

Cheiro da infância? 

Grama.

Defina política em uma frase. 

Política é ferramenta de transformação social.

Por que quer ser prefeito de BH? 

Eu sou apaixonado por BH e vejo que a nossa cidade não avança. Eu comecei a perceber que tem muita gente aqui na capital que confia em mim, que acredita nos meus projetos e no meu trabalho, que acredita na mudança para Belo Horizonte. Eu acredito que aquela sementinha que foi plantada lá em 2020 (quando se candidatou a prefeito da capital mineira pela primeira vez e perdeu, para Alexandre Kalil) pode germinar agora.

Disputa pela PBH

Bruno Engler disputa a Prefeitura de Belo Horizonte pela segunda vez, agora pelo PL. Em 2020, estava no PRTB e perdeu para Alexandre Kalil (hoje sem partido, mas que era do PSD). Bruno Engler tem como principal cabo eleitoral o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e conta também com o apoio do deputado federal mineiro Nikolas Ferreira, do PL. Algumas bandeiras defendidas são ações para melhorar a segurança pública e a inovação em serviços da prefeitura.