O candidato a vereador de Belo Horizonte Dário (PSOL), conhecido como “Dario 4e20”, prometeu ir à Justiça para reaver a conta no Instagram com 40 mil seguidores que foi suspensa na tarde dessa terça-feira (27 de agosto). O candidato defende, entre alguns pontos, a legalização da maconha e a distribuição de medicamentos à base da planta na saúde pública.
Em 2020, quando também tentou uma cadeira na Câmara Municipal, Dario também teve as redes sociais suspensas. Em 2022, quando foi candidato a deputado federal, Dario declarou que ia usar “novas estratégias de promoção do debate sobre o tema em suas redes sociais” para evitar novos bloqueios. A reportagem questionou a equipe do candidato sobre esses episódios apenas durante as eleições. "Não ocorre nos outros anos, só nas eleições. Fica evidente uma perseguição, né? Talvez isso vem de denúncias", pontuou a equipe.
O candidato afirmou que o Instagram excluiu o perfil e o conteúdo publicado. “Em uma única notificação, a plataforma bloqueou o acesso à conta do candidato e alegou que o perfil foi derrubado por não respeitar as Normas da Comunidades relativas a armas, drogas e outros bens restringidos".
“Infelizmente, o Instagram está abusando de seu poder e impondo seus valores privados à sociedade brasileira. Não cabe a nenhuma empresa o papel de censurar o discurso de um candidato a vereador no Brasil. A Meta (dona do Instagram) é obrigada a respeitar as leis brasileiras. Censurar uma pauta política é crime eleitoral. Dizer a palavra maconha, usar símbolos e mostrar plantas cultivadas legalmente, são ações protegidas e reconhecidas na constituição”, defende o candidato.
No TikTok, o candidato se disse vítima de perseguição política e afirmou não infringir nenhuma regra. "Não estou fazendo propaganda de nada ilícito", argumentou.
A equipe jurídica de Dário apresentou recurso interno no próprio Instagram, mas alega que não foi possível apresentar justificativa ou aprofundar os argumentos, “o que denota falta de compromisso com contraditório e ampla defesa”. No âmbito judicial, a ideia é acionar a Justiça Eleitoral e “possivelmente a justiça comum, por dizer respeito a uma evidente falha na prestação de serviço e desrespeito/censura ao Dario enquanto consumidor e usuário da rede”.
A reportagem entrou em contato com a Justiça Eleitoral de Minas Gerais, que informou ainda não ter sido acionada. A Meta, proprietária do Facebook e do Instagram, foi procurada, mas ainda não respondeu. O espaço continua aberto.
Volta das contas
Na tarde desta quarta-feira (28 de agosto) as redes sociais de Dário voltaram ao ar. Ao fazer o anúncio, o candidato publicou um vídeo no Instagram divulgando sua candidatura em meio a várias plantas de maconha.
Dário atribuiu a rapidez para a volta das contas à grande mobilização do seu público após o ocorrido. “Eu devo esse retorno muito à mobilização desses apoiadores e da imprensa, da pressão que isso repercute”, disse. O candidato também atribuiu a retirada do perfil das redes sociais ao preconceito. “A gente tem certeza que isso é motivado por um preconceito contra a pauta da maconha, o que é ruim para a democracia do Brasil, porque é uma pauta que precisa de ser discutida”, explicou.
A assessoria de Dário afirmou que a Meta enviou um email explicando que o perfil tinha sido suspenso por segurança após ter sido alvo de denúncias de robôs relacionados a armas e drogas. A empresa lamentou e se desculpou pelo mal entendido.