ELEIÇÕES 2022

A luta inglória dos demais candidatos em uma eleição polarizada

Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União) se viram “espremidos pela polarização e enfrentaram desafios desde a pré-campanha


Publicado em 02 de outubro de 2022 | 05:00
 
 
 
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Em uma das eleições mais intensas da história do Brasil, os candidatos à presidência Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União) se viram “espremidos” pela polarização entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desde a pré-campanha e durante todo o período eleitoral, o pedetista e a emedebista pouco cresceram nas pesquisas de intenção de voto e, em nenhum momento, alimentaram expectativas concretas de chegar ao segundo turno.

Após ter tido seu melhor desempenho em eleições presidenciais em 2018, com 12,47% dos votos, Ciro Gomes encontrou na presença de Lula um fator que, logo de cara, dificultou seu crescimento entre o eleitorado de esquerda em 2022. Ao mesmo tempo, via grande parte dos eleitores à direita se alinhando a Bolsonaro, restando um espaço tênue entre as duas grandes forças da política nacional.

Como estratégia, passou a tecer fortes críticas aos dois líderes. A postura causou estranhamento e, depois, rejeição em um eleitorado propenso ao petismo que, em parte, chegou a apoiá-lo na eleição anterior.

Além disso, sua identificação histórica com o campo da esquerda dificultou uma penetração em setores à direita. Ainda que em alguns momentos suas críticas a Lula tenham sido usadas e adotadas por bolsonaristas, isso não se converteu em voto, segundo as pesquisas.

Outro fator que complicou a caminhada de Ciro, pela segunda eleição consecutiva, foi a dificuldade em firmar alianças. O PDT se viu em uma chapa puro-sangue, fazendo com que a vice fosse do mesmo partido - a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos. Com isso, Ciro ficou com apenas 53 segundos de tempo de TV, contra mais de 2 minutos dos adversários.

Dificuldades da ‘terceira via’

Na reta final de campanha, a senadora Simone Tebet tem dito que sua candidatura é um “reposicionamento” do centro e da centro-direita, grupo político que perdeu espaço nos últimos anos, com a ascensão do presidente Jair Bolsonaro.

Tebet se lançou candidata após uma longa discussão sobre quem seria o candidato da chamada “terceira via”, disputa que também já teve os tucanos João Doria, ex-governador de São Paulo, e Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul, e que em nenhum momento encontrou uma unanimidade entre os partidos.

Apesar de ter saído vitoriosa no processo, a emedebista teve, desde a pré-campanha, oposição de lideranças históricas de seu próprio partido. Caciques do MDB em 11 estados no Norte e no Nordeste declararam apoio público à candidatura de Lula e chegaram a judicializar, sem sucesso, a convenção da legenda que oficializou o nome de Tebet ao Planalto.

Já nas regiões Sul e Centro-Oeste, parte dos quadros são simpáticos a Bolsonaro. Assim, Tebet tocou uma campanha com poucos palanques regionais, já que a maioria dos candidatos a governador do MDB apoiavam Lula ou Bolsonaro.

Partindo de um patamar inferior ao de Ciro nas pesquisas, Tebet chega às vésperas do dia da eleição tecnicamente empatada com o candidato do PDT. No entanto, na reta final, com a campanha do chamado voto útil pela campanha de Lula, ambos lutam, antes de tudo, para manter os eleitores que possuem e não derreter no resultado das urnas.

Sem nada a perder

Disputando, em tese, um quinto lugar, Soraya Thronicke traçou uma trajetória particular e pode considerar positivos seus resultados, dentro e fora da urna, ao fim da campanha.

Apesar de ser a candidata do partido mais rico do país, o União Brasil, que recebeu a fatia mais gorda do Fundo Eleitoral, a senadora iniciou o pleito como uma desconhecida pelo público geral e viu nos debates televisivos momentos para se destacar.

Com performances marcadas por frases de efeito e um estilo de “franco-atiradora”, Soraya ganhou espaço nas redes sociais com cortes de trechos dos embates contra Jair Bolsonaro e, no debate da Globo, Padre Kelmon (PTB). Ao lado de Simone Tebet, também reforçou o discurso de que Bolsonaro desrespeita as mulheres.

Mesmo aparecendo com menos de 1% dos votos nas últimas pesquisas e sem grandes perspectivas nas urnas, Soraya Thronicke cumpre seu objetivo: tornar-se conhecida e manter em alguma evidência o nome de seu partido, recém-criado após a fusão do DEM com o PSL.

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