Coronel Mendonça

Condenado por ameaçar Zema de morte tenta vaga na Assembleia em Minas

Rivais na Justiça podem ter que lidar diretamente em caso de ambas as eleições


Publicado em 23 de agosto de 2022 | 10:06
 
 
 
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Figura recorrente em protestos das forças de segurança na Cidade Administrativa e também em movimentos nas redes sociais, Domingos Sávio de Mendonça, conhecido como Coronel Mendonça, vai tentar na eleição de outubro uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Caso eleito, o militar reformado pode ter que lidar diretamente com o governador Romeu Zema (Novo) em caso de reeleição. Mendonça e Zema são partes contrárias em alguns processos judiciais, inclusive com condenação em primeira instância.

Em um desses processos, acessados pela reportagem, o atual governador processou Coronel Mendonça por ameaça de morte. "Narra a denúncia que, no dia 24 de agosto de 2019, o denunciado, que é Tenente-coronel reformado da Polícia Militar, deu publicidade a pelo menos quatro vídeos e mensagens, nas mídias sociais WhatsApp e Facebook. Numa das mensagens, o denunciado ameaçou a vítima, dizendo que: "[...] a maçonaria vai me condenar, mas tem que me matar, porque se não me matar eu mato Romeu Zema, mato Romeu Zema, porque há injustiça[...] então eu matarei o Romeu Zema, matarei o Romeu Zema, porque ele, a maçonaria e esses covardes querem me matar porque estou lutando pelos direitos dos operadores da Segurança(...)”, diz trecho do processo. Há ainda, outra narrativa de ameaça, quando Mendonça diz que "Romeu Zema, ele sabe que eu não tenho como chegar a ele, se eu chegasse, eu o mataria, sério mesmo(…)". Além da ameaça, há também processos movidos por Zema por injúria, quando, por exemplo, foi chamado de bandido pelo militar reformado.

Em dezembro do ano passado, Romeu Zema, Coronel Mendonça e outras duas testemunhas foram ouvidas no processo da ameaça de morte. Na ocasião, o militar confessou os dizeres, mas ponderou que "estava num bar quando os áudios foram gravados e encaminhados para um grupo de WhatsApp". "Explicou que foi um momento de desabafo, no qual estava alcoolizado e que jamais atentaria contra a vida da vítima, pois o interrogando é pessoa de bem e se retrata cabalmente pelo ocorrido. O denunciado confirmou, ainda, que o motivo das supostas condutas delitivas narradas na exordial acusatória, deram-se em razão da existência das ações judiciais contra os movimentos policiais, no que diz respeito às paralisações e contra a pessoas física do réu, além da iminência da busca e apreensão do celular investigado", diz trecho do processo.

O juiz Roberto Oliveira Araújo Silva, que julgou o processo, afirmou que a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substâncias de efeitos análogos, não exclui a imputabilidade nem isenta a pena. O magistrado considerou que foram cometidos os crimes de ameaça e injúria avaliados. Foi declarada, inicialmente, uma pena de 2 meses e 20 dias de detenção em regime aberto. A pena, entretanto, foi revertida em prestação pecuniária com o pagamento de dois salários mínimos.

À Justiça eleitoral, Coronel Mendonça apresentou uma certidão de antecedentes criminais com vários processos em aberto na comarca de Belo Horizonte. A totalidade se deve a crimes contra a honra como injúria e difamação, além de outros inquéritos que investigam ameaça e também desacato. São pelo menos três páginas em que esses processos são listados.

Procurado, coronel Mendonça disse que foi vítima da criminalização do movimento social e que todos os processos sofridos por ele são exclusivamente da luta pelo movimento independente a favor dos direitos da segurança pública. Sobre a condenação no processo de ameaça, Mendonça disse que já se retratou e que "não teria nenhum tipo de problema em lidar com qualquer um dos governadores que foram escolhidos pelo povo mineiro porque essas coisas do passado devem ficar no passado". Ele pontuou que recorreu da decisão e espera uma vitória em segunda instância. 

Romeu Zema foi procurado e a reportagem aguarda resposta.

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