Eleições 2022

Escola pública ensina história errada e 'o sem dedinho faz o mal', diz Bolsonaro

Presidente fez a declaração a crianças que visitaram o Palácio da Alvorada, em Brasília, na manhã desta quinta-feira (8)


Publicado em 08 de setembro de 2022 | 11:13
 
 
 
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O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidado à reeleição, disse a crianças que escolas públicas contam a história de forma errada como se "quem quer o bem do próximo é o pessoal pintado de vermelho". Imitando uma pessoa com nove dedos, ele afirmou que "o sem dedinho faz o mal".

A referência indireta foi ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato nessas eleições para retornar ao Palácio do Planalto. As declarações foram feitas durante uma visita das crianças nesta quinta-feira (8) ao Palácio da Alvorada - residência oficial do presidente em Brasília (DF).

O mandatário começou afirmando que o período da ditadura militar, entre 1964 e 1985, é contado de forma incorreta e com a visão da "esquerda, sempre mentindo". Na versão do mandatário, o ex-presidente João Goulart fugiu do Brasil em 1964 e, por isso, um militar foi colocado em seu lugar de forma indireta.

Os livros de história, no entanto, contam que Goular foi destituído do cargo em 2 de abril de 1964 pelo golpe militar iniciado dois dias antes, em 31 de março, para poder sair do país sem a autorização do Congresso Nacional, foi declarada vaga a cadeira de presidente da República. A presidência foi, então, transferida ao então presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, até a eleição indireta do general Castelo Branco, primeiro presidente militar da ditadura.

“Uma vez o plenário da Câmara e do Senado declarou vaga a cadeira de presidente porque ele tinha fugido do Brasil. Ele fugiu. Aí assumiu Ranieri Mazzilli. Aí dia 11 de abril teve eleições indiretas, Câmara e Senado votaram em Castelo Branco. Castelo Branco chegou à Presidência à luz da Constituição em 46 ou 47. O Castelo Branco não chegou lá dando um golpe. Ele foi votado, existia um dispositivo constitucional, e como foi declarado vago, ele fugiu, a Câmara elegeu Castelo Branco. Então não existe 31 de março, tem 2 de abril", contou Bolsonaro às crianças.

Bolsonaro citou que o Congresso Nacional "apagou fatos" ao anular a sessão de 1964 na qual foi declarada vaga a Presidência da República, então ocupada por João Goulart. A sessão foi em novembro de 2013. O mandatário acrescentou que Castelo Branco foi eleito "democraticamente".

Então, o presidente declarou às crianças: “Essa história que não é contada para vocês. Não é vocês aqui, vocês aqui têm gente que conta a verdade. Muitas escolas públicas, para ensinar errado as crianças, como se o certo, o bondoso, o caridoso, aquele que quer o bem do próximo, é o pessoal pintado de vermelho. Pintado de vermelho que faz o bem para vocês é só o Papai Noel. Aquele outro de vermelhinho, com chifrinho, faz do mal. Ou o sem dedinho, também faz o mal". Na última frase, ele fez o gesto imitando alguém com um dedo a menos.

A recepção às crianças foi feita depois do presidente cancelar ida ao Congresso Nacional para sessão de comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil. A ausência do mandatário foi anunciada pelo Senado Federal cerca de 30 minutos antes do início da cerimônia, marcada para começar às 10h.

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