ELEIÇÕES 2022

Governo PT vai exigir vacinação infantil para Bolsa Família, diz Humberto Costa

Em entrevista exclusiva a O TEMPO, senador Humberto Costa deu detalhes dos planos do governo Lula para a saúde, caso vença as eleições em outubro


Publicado em 27 de agosto de 2022 | 08:00
 
 
 
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O PT pretende resgatar contrapartidas que o programa de distribuição de renda Bolsa Família, atual Auxílio Brasil, exigia dos beneficiários responsáveis por crianças, tal como a vacinação infantil e frequência escolar. É o que contou o senador Humberto Costa (PT-PE) à reportagem de O TEMPO, em entrevista exclusiva.

Ex-ministro da Saúde do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – o candidato do PT à Presidência – Humberto Costa, que também é médico e jornalista, está à frente da formulação dos planos do governo Lula para a área da saúde e da coordenação da campanha petista em Pernambuco.

Ao criticar a queda nos índices de vacinação da população no geral, o senador explicou que entre as prioridades do governo PT para a saúde brasileira, está recuperar os índices de vacinação infantil. 

"Temos que fazer uma ação política, mostrar às pessoas que vacinar é necessário para preservar o futuro das crianças. Vamos fazer um trabalho muito forte de conscientização, comunicação e divulgação estimulando as pessoas a levarem seus filhos para se vacinarem”, disse o senador. 

“No caso dos benefícios sociais, a transferência de renda, vamos voltar ao que era antes. Quando alguém fazia parte do programa Bolsa Família, recebia o recurso, mas tinha que fazer algumas contrapartidas, algumas obrigações, como mandar a criança para a escola, ter o carnê de vacina atualizado, a mulher ser acompanhada durante o período do pré-natal. Essas exigências vão voltar”, reiterou Costa e completou: “Se nós fizermos isso, rapidamente vamos conseguir voltar às coberturas que tínhamos do programa nacional de vacinação”. 

Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em julho deste ano mostram que três em cada dez crianças brasileiras que não estão com as vacinas em dia. 

Estima-se que no Brasil há 700 mil crianças que não receberam a primeira dose da vacina pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria da influenza tipo B, responsável por infecções no nariz, meninge e na garganta. Conforme informações do Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) orienta que as crianças devem tomar três doses dessa vacina aos 2, aos 4 e aos 6 meses de vida.

Retomar o Mais Médicos para incluir mais pessoas na saúde pública

A saúde dos povos indígenas, quilombolas, população LGBTQIA+ e com deficiência, também está entre as atenções prometidas pelo plano de governo petista, segundo Costa.

"Uma das coisas que temos que resgatar é um programa que tenha os mesmos princípios do Mais Médicos, garantindo que essas comunidades indígenas, quilombolas e periféricas tenham equipes de saúde da família com a presença do médico para realização do atendimento”, afirmou.

"E no caso da saúde indígena, que tem uma política especial, com recursos próprios, e é uma obrigação da União, a ideia é colocar para funcionar todo o sistema da secretaria de saúde indígena, inclusive incorporando novas ideias. A política para os indígenas tem de ser transversal, que envolva desde a garantia da posse da terra, com o fim dessas invasões que levam doenças para as áreas indígenas”, completou o senador.

Pós-pandemia está entre as prioridades do plano de saúde do governo PT

Outra prioridade do governo PT, se vencer as eleições de outubro, é aumentar investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) e recuperar a produção nacional de insumos e medicamentos. 

"Nesse período da pandemia ficou evidente que a nossa dependência não pode continuar”, declarou, em crítica à falta de uma vacina nacional contra a Covid-19, lembrando ainda que a maioria dos países com economias em desenvolvimento do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) criaram o imunizante.

Ao mesmo tempo em que critica as ações adotadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia do coronavírus, Costa não ignora que será indispensável uma atenção aos brasileiros com sequelas da doença, tornando necessários investimentos em pesquisas e oferta, pelo SUS, de tratamentos neurológicos, cardiovasculares, respiratórios e fisioterapia. 

Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o senador integrou o grupo que comandou a investigação em tom crítico ao governo federal, que ficou conhecido como G7.

Os bastidores da CPI compõem um livro escrito por Costa e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), intitulado "A política contra o vírus – Bastidores da CPI da Covid". Rodrigues foi vice-presidente da comissão e atualmente também integra a equipe de coordenação da campanha petista e é formulador das propostas de políticas para a área ambiental.

Apesar do pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), de julho deste ano, feito ao Supremo Tribunal Federal (STF) para arquivar sete das dez apurações indicadas pelo relatório da CPI, Costa considera que os crimes ainda poderão ser investigados quando os indiciados – entre eles o presidente Bolsonaro e ministros do governo – perderem o foro privilegiado.

"Muitos dos [indiciados na CPI] que a PGR arquivou os processos alegando falta de provas têm foro especial. Quando saírem do governo, deixarão de ter. Nada impede que esses crimes venham a ser investigados e julgados na primeira instância”, apontou o senador. "Esse capítulo ainda não está encerrado na política e na saúde brasileira", acrescentou.

Sobre o legado da CPI, Costa foi enfático: “Dizem que CPI dá em pizza. A da Covid deu em vacina”.

“Se a CPI não tivesse existido, esse governo não teria feito os esforços que foi obrigado a fazer para trazer vacina. A partir da CPI, das denúncias que surgiram ali, do que foi mostrado à população, no papel que a grande mídia teve, o governo Bolsonaro se viu obrigado a ir atrás e adquirir as vacinas e oferecê-las à população", frisou o senador. 

Humberto Costa dá um panorama das eleições em Pernambuco

Em favor da articulação partidária em Pernambuco para compor o palanque de Lula no estado, Humberto Costa desistiu da candidatura ao governo do estado para apoiar Danilo Cabral, candidato a governador pelo PSB, partido do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, vice na chapa de Lula. 

Sobre o cenário da disputa eleitoral no estado, o senador avalia que, pela primeira vez, há várias candidaturas competitivas e que o apoio de Lula fará a diferença para Danilo Cabral. 

Ele não mencionou, no entanto, a candidatura de Marília Arraes (Solidariedade) ao governo.

"O que tem pesado é o fato de alguns candidatos e candidatas serem mais conhecidos que outros. Acredito que será uma eleição de dois turnos em que um dos atores mais importantes para o desfecho dessa eleição será o presidente Lula. A polarização nacional de alguma maneira vai acontecer em Pernambuco também”, avaliou Costa. 

Durante um evento em Garanhuns, município pernambucano, em fins de julho, Lula reafirmou apoio a Danilo Cabral, e jogou água fria na expectativa da deputada Marília Arraes de estar no palanque do petista. Isso porque até fins de junho, peças de marketing da pré-campanha de Arraes traziam a imagem dela ao lado de Lula, e até um jingle anunciava justamente a "guerreira de Arraes com Lula". Até o começo deste ano, ela era filiada ao PT, e migrou para o Solidariedade para concorrer ao Executivo de Pernambuco.

“É uma incógnita saber quem vai para o segundo turno. Não só pela ampla frente que temos e pelo apoio de mais de 120 prefeitos num universo de 180, mas principalmente pelo fato de Danilo ser o candidato de Lula, achamos que estaremos no segundo turno”, considerou Humberto Costa. 

“A partir do momento que começar o programa de televisão e mostrarmos o vínculo com Lula e a aliança que pode se construir com Lula presidente, não tenho dúvida que Danilo vai crescer e ir pra cabeça nessa disputa", concluiu.

Confira no vídeo abaixo a entrevista completa do O TEMPO com o senador Humberto Costa.

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