Faltando um mês para o primeiro turno, Alexandre Kalil (PSD) adotou nesta quinta-feira (1º) o discurso mais enfático de sua campanha eleitoral até o momento contra o chamado voto “Luzema” — eleitores que votam em Romeu Zema (Novo) para governador e em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidente.

De acordo com a pesquisa DATATEMPO (registros BR-03361/2022 e MG-01547/2022) realizada entre 11 e 16 de agosto, Zema lidera a disputa eleitoral com folga, com 46,2% contra 21,6% de Kalil.

Apesar de Lula apoiar formalmente o ex-prefeito de Belo Horizonte, Kalil e Zema estão no mesmo patamar de votos entre os eleitores do petista em Minas Gerais. O atual governador tem 34,4% neste recorte, enquanto Kalil tem 33,6%, de acordo com a pesquisa.

“Essa é a mensagem que eu quero deixar aqui: quem está do lado desse governador está contra o presidente Lula. Vamos colocar isso muito claro para Minas Gerais durante esses 30 dias”, disse Kalil em coletiva à imprensa após caminhada no calçadão da Rua Halfeld, em Juiz de Fora, na Zona da Mata.

O candidato a governador pelo PSD lembrou de duas declarações recentes de Zema. Durante comício eleitoral de Lula e Kalil em Belo Horizonte no último dia 18 de agosto, o governador escreveu nas redes sociais: “Atenção! Trânsito ruim em BH. Atraso na vida do trabalhador de verdade".

Seis dias depois, Zema foi questionado durante sabatina no portal G1 em quem votará se houver segundo turno na eleição para presidente da República. “Uma coisa que eu já adianto é que eu não voto em corrupto (...) No PT, eu não voto. Não posso votar em um governo que esteve tão envolvido em casos de corrupção”, respondeu ele na ocasião.

De acordo com Kalil, o atual governador tratou Lula “de corrupto, de não trabalhador”. “Ele está destratando um homem de bem, um líder. Se esse governador quiser me agredir, não tem problema, mas respeite o presidente Lula”, afirmou.

Lula atualmente ganha do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Minas Gerais por 44,2% a 33,1%, novamente segundo a mais recente DATATEMPO. O resultado mostra que, em tese, há espaço para Kalil crescer entre os eleitores do petista. 

É importante ressaltar que a pesquisa foi realizada antes do início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, onde o ex-prefeito de Belo Horizonte destaca a aliança e a proximidade que tem com Lula. 

Por outro lado, Minas Gerais e o PT têm histórico de votações que fogem da lógica dos apoios oficiais, ao contrário do que Kalil aposta que ocorrerá desta vez.

Em 2006, houve o voto Lulécio, ou seja, Lula para presidente e Aécio Neves (PSDB) para governador, mesmo com o PT lançando candidato próprio no Estado. Já em 2010 foi a vez do “Dilmasia” — Dilma Rousseff (PT) para presidente e Antonio Anastasia (PSDB) para governador.

Kalil critica pergunta feita em Uberaba

A aliança com PT tem trazido questionamentos a Kalil. Perguntado durante entrevista a uma rádio de Uberaba sobre qual seria a atuação ex-governador Fernando Pimentel (PT) caso seja eleito, o candidato do PSD classificou a pergunta como “idiota” e “patética”.

“Essa pergunta cheira até uma idiotice. Ela é idiota. Fernando Pimentel é ex-governador e parece que não fez um bom governo. Esse papo do passado, eu não queria falar de Fernando Pimentel, queria falar de hospital. Podia mandar uma pergunta sobre como é que faz um hospital, como constrói um centro de saúde a cada dois meses", respondeu Kalil na quarta-feira (31).

"É claro que ele não vai ter nenhum…aliás a equipe, eu tenho que ganhar a eleição primeiro.[...] Isso é patético, é ordem de marqueteiro”, continuou.