Após o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) visitar Belo Horizonte na última quinta-feira (6), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retorna, neste domingo (9), à capital mineira, em busca de dobrar a vantagem de 563 mil sobre Bolsonaro. O Estado, que é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, será o primeiro a receber Lula depois de São Paulo, onde o candidato à presidência já visitou São Bernardo do Campo, Guarulhos e Campinas nos últimos dias ao lado do candidato ao governo Fernando Haddad (PT).
A coordenação da campanha de Lula trabalha com a possibilidade de atrair boa parte dos eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), que, juntos, somaram 810.982 votos em Minas. “Queremos a metade dos votos que não foram de Lula no 1º turno. Se dividir por 50%, pegamos mais de 400 mil votos. Mas podemos pegar até 60%, o que aumentaria a diferença para mais de um milhão, quase 1.050.000 de votos”, projetou o deputado federal reeleito Reginaldo Lopes (PT), coordenador da campanha de Lula em Minas.
O cálculo passa por manter os 5,8 milhões de votos conquistados por Lula em Minas no 1º turno. Em contrapartida, a campanha de Lula enfrentará a ofensiva de Bolsonaro, que, após o apoio declarado do governador reeleito Romeu Zema (Novo), irá tentar reverter a seu favor o voto dos eleitores que optaram por Zema e, também, por Lula. Há a projeção de que, "antes de votarem no Zema, os mineiros votaram no presidente Lula", conforme disse Reginaldo após reunião com deputados federais e estaduais, petistas e aliados, na última quarta (5).
Ao contrário dos atos em 1º turno, a agenda em Belo Horizonte não será um comício, mas uma caminhada, a exemplo da realizada nessa sexta (7) em Guarulhos, na Grande São Paulo. Ao lado de aliados, Lula irá encabeçar o cortejo sobre uma caminhonete. Em Belo Horizonte, a concentração será na Praça da Liberdade, na Savassi, a partir das 9h. A previsão é de que, às 11h, Lula pegue a Avenida Brasil rumo à Praça Tiradentes, onde acontecerá a dispersão.
O itinerário realizado pelo “CarnaLula”, que, embora tenha se concentrado na Praça da Liberdade, se dispersou na Praça Raul Soares após percorrer a Avenida Bias Fortes, chegou a ser colocado sobre a mesa. Entretanto, a intenção da campanha é disputar a Praça da Liberdade, que, tradicionalmente, é o local de manifestações bolsonaristas, como em 7 de setembro último. “Quem vai garantir a liberdade do brasileiro, o direito à liberdade religiosa e o direito à família é o presidente Lula”, pontuou Reginaldo, que, ao se referir à Praça Tiradentes, lembrou que o mártir é o “símbolo da luta mineira”.
Além da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o senador Alexandre Silveira (PSD) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) confirmaram presença no ato em Belo Horizonte. Apoiados por Lula, ambos foram derrotados. Enquanto Kalil, com apenas 35,08% dos votos válidos, perdeu a corrida para a sucessão estadual para Zema ainda no 1º turno, Silveira, candidato à reeleição, foi derrotado pelo deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC).
Inclusive, na última quarta (5), o senador se reuniu com Lula em São Paulo ao lado de correligionários. Além de Silveira, o encontro teve outros pessedistas, como, por exemplo, os senadores Carlos Fávaro (MT), Omar Aziz (AM) e Otto Alencar (BA), assim como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O PSD liberou os diretórios estaduais para se posicionarem no 2º turno.
Além de continuar na campanha a nível nacional, o senador afirma que já está mobilizando os prefeitos de sua base eleitoral em Minas. “A maioria reconhece a necessidade de apoiar Lula no 2º turno e a minha compreensão é que o presidente tem uma visão muito apurada da necessidade de estreitar laços com o municipalismo. Na sua fala anteontem (5), durante os 40 minutos, ele falou dez minutos da interlocução direta que quer promover com os prefeitos municipais”, apontou Silveira.
A mobilização deste domingo ainda reunirá outros aliados, como o deputado federal reeleito André Janones (Avante) e as deputadas federais eleitas Célia Xakriabá (PSOL) e Duda Salabert (PDT). Xakriabá e Duda são consideradas importantes palanques no estado, já que conquistaram, respectivamente, 101 mil e 208 mil votos para chegar à Câmara dos Deputados. Por outro lado, a presença do candidato à vice-presidência Geraldo Alckmin (PSB) não é certa.
A passagem por Belo Horizonte será a quarta de Lula em Minas durante a campanha presidencial. Antes, o candidato já havia visitado, além da própria capital mineira, Montes Claros, no Norte de Minas, e Ipatinga, no Vale do Aço. O objetivo é que, até 30 de outubro, o ex-presidente volte até duas vezes ao estado. No entanto, nem as datas tampouco os locais foram definidos.