Eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), se dizem encorajados por ele a continuarem as manifestações pelo Brasil. Nesta quarta-feira (2), mesmo embaixo de muita chuva, centenas de bolsonaristas protestam na avenida Raja Gabaglia, na altura do bairro Gutierrez, na Região Oeste de Belo Horizonte. O grupo contesta o resultado das eleições e pede intervenção militar, o que é inconstitucional. 

“Para bom entendedor, meia palavra basta. Foi muito claro o pronunciamento do Bolsonaro. Ele nos legitimou. O presidente não pode falar para contestar os resultados, mas nós podemos”, afirmou a aposentada Maria de Lourdes Melgaço, 70. 

O engenheiro Jardes Gurgel, 38, concorda. Para ele, o discurso de Bolsonaro, nesta terça-feira (1), foi claro. Segundo ele, o presidente conseguiu dar o recado para os manifestantes “mesmo que nas entrelinhas”.   

Ontem, dois dias após perder as eleições, Bolsonaro rompeu o silêncio e fez seu primeiro pronunciamento após a derrota no segundo turno das eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em um breve discurso, o presidente agradeceu os mais 58 milhões de votos que recebeu e disse que “os atuais movimentos populares são frutos de indignação e sentimento de injustiça sobre como se deu o processo eleitoral”.

“Estamos manifestando, é um direito nosso. O Brasil acordou. Queremos um país livre do comunismo”, argumentou Jardes. 

O professor Alexandre Silva, 53, também chegou cedo na manifestação. Para ele, o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro foi um chamado para que as manifestações continuem em todo o Brasil.  “Ele queria que nós, pessoas conscientes, estivéssemos aqui. Essas manifestações são uma resposta para que as coisas não continuem do jeito que estão. Nós precisamos de mudança”. 

O motorista aposentado Mário Campolina, 69, passou os últimos dois dias na MG-010 interditando a via com um grupo de amigos. Segundo ele, a ordem agora é para que o grupo permaneça em frente ao Exército, em Belo Horizonte, sem hora para ir embora. “Estamos aguardando o resultado das auditorias para vê se houve fraude ou não. Mas a questão principal é que houve muita interferência da Suprema Corte, isso tudo influencia o resultado, porque muitas pessoas não têm acesso às informações”, pontuou. 

Vale lembrar que o argumento de alguns apoiadores do presidente sobre a existência de uma fraude nas eleições deste ano não encontra amparo legal. 

A Justiça Eleitoral, além de entidades nacionais e internacionais que participaram da fiscalização do pleito, confirmaram a lisura do processo. Da mesma forma, a possibilidade de uma ‘intervenção militar’ com base no artigo 142 da Constituição, pedida por grupos de manifestantes, não tem respaldo na lei brasileira e pode resultar em processo judicial para quem fizer esse pedido.