BANCADA DESPENCOU

‘Polarização, brigas e coligação’, ex-assessor de Zema explica derrocada do Novo

Victor Cezarini, ex-assessor da SEDE, elenca três motivos que explicam o encolhimento das bancadas do partido Novo após o pleito do último domingo (4)


Publicado em 04 de outubro de 2022 | 18:18
 
 
 
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Ex-assessor da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDE) da gestão de Romeu Zema (Novo) e filiado ao partido Novo, Victor Cezarini elencou três motivos, nesta terça-feira (4), que explicam o mau desempenho da sigla nas eleições deste ano.

Diferente do desempenho de 2018, o Novo não atingiu a cláusula de barreira ao ver suas bancadas na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativas encolherem após o pleito de domingo (2). 

Em relação às eleições de 2018, a bancada do partido de Zema no Congresso Nacional minguou dos atuais oito deputados federais para três a partir do ano que vem.

Já no âmbito das Assembleias Legislativas, a quantidade de deputados estaduais despencou de 12 filiados para apenas 4, uma queda de 66% em representação partidária. Em Minas, também houve queda. De três parlamentares eleitos em 2018, diminui para dois representantes em 2022. 

O próprio Cezarini tentou uma vaga na ALMG neste ano mas, com 20.882 votos obtidos, não se elegeu. Para o economista, um dos fatores que explicam o resultado abaixo do esperado é a polarização da disputa no cenário nacional.

“Ou é Lula ou é Bolsonaro. Ninguém está interessado em ideias e valores, somente se o candidato está com Lula ou Bolsonaro”, escreveu em uma publicação nas redes sociais, nesta terça-feira (4).

Na defesa do ex-assessor, que integrava a equipe de desestatização da SEDE, erros e brigas internas no Novo desmoralizaram o partido frente aos eleitores. “A partir do momento em que João Amoêdo [ex-presidente da sigla] e cia decidiram dividir palanque com a esquerda, o eleitor ficou extremamente desconfiado do Partido Novo”, disse.

Fundador do Novo, Amoêdo deixou a presidência do partido, em março de 2020 , com uma nota justificando que deixava o posto para "ter mais disponibilidade de tempo", "mostrar que o Novo não depende só de uma pessoa" e "ter um pouco mais de liberdade" para expor as suas posições.

Em anos anteriores, Amoêdo defendeu abertamente o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (PL), que sempre teve relação amigável com Zema e que, agora, recebe apoio formal do governador mineiro no 2º turno das eleições. “Mesmo com o Amoedo saindo da direção, isso não foi suficiente para reverter o prejuízo causado”, completou Cezarini.

Para Cezarini, a coligação da candidatura de Zema com nove partidos - PP, Podemos, Solidariedade, Patriota, Avante, PMN, Agir, Democracia Cristã e MDB -  também influenciou no fracasso eleitoral dos nomes próprios da sigla.

 “Foi uma campanha muito mais organizada e com mais ajuda do Diretório do que a de 2018. Contudo, a coligação feita pelo Governador tirou holofote dos candidatos do Novo, muitos outros partidos se beneficiaram da imagem do Governador, escanteando os candidatos do próprio Novo”. 

“Com isso tivemos um resultado abaixo do esperado, em especial em Minas Gerais. Fazer uma campanha baseada em ideias e valores, ao invés de conchavos e favores, se tornou praticamente impossível em um cenário de polarização como esse”, concluiu o ex-integrante do governo de Zema. 

 

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