Disputa pelo Senado em MG

PT tentou retirada da candidatura de Sara Azevedo para beneficiar Silveira

PSOL não aceitou articulação, que, segundo petista, tem como objetivo derrotar o bolsonarismo na disputa pelo Senado em Minas Gerais


Publicado em 27 de setembro de 2022 | 17:26
 
 
 
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A poucos dias para a eleição, o PT tentou convencer o PSOL a retirar a candidatura de Sara Azevedo (PSOL) ao Senado. O objetivo da articulação seria reforçar a candidatura de Alexandre Silveira (PSD), que é apoiado por Lula e pelo PT de Minas Gerais, e derrotar os candidatos Cleitinho Azevedo (PSC) e Marcelo Aro (PP), que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL).

O PSOL, no entanto, não aceitou rifar Sara. Ao Aparte, a candidata reafirmou que não vai retirar a sua candidatura e disse que há machismo neste movimento, já que a mesma pressão não é feita sobre candidaturas de homens da esquerda e da centro-esquerda.

O encarregado de conversar com o PSOL foi o líder do PT na Câmara dos Deputados e coordenador da campanha de Lula em Minas, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT). Ele era pré-candidato a senador, mas desistiu de concorrer ao cargo como parte de um acordo para que Alexandre Kalil (PSD) fosse o palanque de Lula em Minas Gerais.

“Eu conversei (com o PSOL) no sentido de (saber) se tinha alguma conjuntura de unificar, dentro desse esforço de voto útil, de frente ampla para derrotar o bolsonarismo, mas entendendo a legitimidade da candidatura da companheira Sara”, disse ele ao Aparte.

“Nós estamos diante da eleição mais importante da história do Brasil. Estamos trabalhando para ganhar no primeiro turno e queremos fazer uma ampla governabilidade. As outras duas candidaturas são bolsonaristas. Então, para o bem da governabilidade e do projeto de reconstrução do Brasil e transformação do país, é fundamental a gente consolidar a eleição do senador do Lula em Minas”, concluiu Lopes, em referência a Alexandre Silveira. Procurada, a assessoria de imprensa de Silveira não se manifestou até a publicação desta reportagem.

De acordo com a pesquisa DATATEMPO (registro MG-02856/2022) realizada entre os dias 5 e 9 de setembro, Cleitinho Azevedo lidera a corrida para o Senado com 19,3% dos votos. Alexandre Silveira é o segundo colocado numericamente, com 8,6%, e Marcelo Aro, o terceiro, com 7,1%. Já Sara tem 3,2%. A margem de erro é de 2,53 pontos percentuais e o nível de confiança é 95%,

Tanto o primeiro como o segundo suplente da chapa de Silveira são petistas. As vagas são ocupadas, respectivamente, por Virgílio Guimarães e por Cida Lima. Nos bastidores, especula-se que se Lula vencer a eleição, há a possibilidade dele nomear Silveira para um ministério ou outro cargo do alto escalão do governo federal. Dessa forma, o PT teria um senador a mais se a chapa sair vitoriosa.

De acordo com Sara Azevedo, está em curso uma tentativa de transpor a polarização da eleição presidencial para a disputa pelo Senado em Minas. “Tal polarização, porém, não existe na concorrência para a vaga de senador(a). Temos mais de 30% de eleitores indecisos, dos quais uma parcela considerável já se decidiu para outros cargos, mas não para o Senado”, disse a candidata, por meio de nota.

“Quem pede pela retirada da nossa candidatura não está preocupado com a democracia, tampouco tem compromisso com a derrota do bolsonarismo. No contexto do Senado em Minas, se há alguém responsável pela divisão da esquerda é quem pede pela retirada de Sara da disputa e que, na pré-campanha, pressionou pela retirada de Reginaldo Lopes (PT) do páreo”, continuou ela.

Confira a nota na íntegra de Sara Azevedo:

"Sara Azevedo (PSOL), candidata ao Senado em Minas Gerais, não vai retirar a sua candidatura.

Compreendemos que há em curso uma tentativa de transpor a polarização da eleição presidencial para a disputa pelo Senado em Minas. Tal polarização, porém, não existe na concorrência para a vaga de senador(a). Temos mais de 30% de eleitores indecisos, dos quais uma parcela considerável já se decidiram para outros cargos, mas não para o Senado.

Entendemos, portanto, que a disputa segue em aberto. Sara se posiciona bem nas pesquisas e segue tendo chances de se eleger.

Ela é a única mulher com viabilidade na disputa. Nesse sentido, é importante fortalecermos o seu nome em prol da diversidade da representação da população no Senado, uma casa em que há apenas 13 mulheres.

O assédio que acontece neste momento pela retirada do nome de Sara da disputa carrega muito de machismo, já que a tal pressão não é realizada em cima de outras candidaturas da centro-esquerda e da esquerda que são representadas por homens.

Quem pede pela retirada da nossa candidatura não está preocupado com a democracia, tampouco tem compromisso com a derrota do bolsonarismo. No contexto do Senado em Minas, se há alguém responsável pela divisão da esquerda é quem pede pela retirada de Sara da disputa e que, na pré-campanha, pressionou pela retirada de Reginaldo Lopes (PT) do páreo."

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