Eleições 2022

Queiroz, Nise, Sergio Camargo, Gilson Machado: veja bolsonaristas que perderam

Candidatos que defendiam o bolsonarismo ou até contaram com o apoio explícito do presidente não conseguiram votos suficientes. Alguns tiveram desempenho pífio nas urnas


Publicado em 03 de outubro de 2022 | 09:49
 
 
 
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A apuração do primeiro turno das eleições de 2022 foi marcada pela vitória de ex-ministros do governo de Jair Bolsonaro na corrida ao Congresso Nacional, onde o PL, partido dele, terá a maior bancada em 2023. Aliados do presidente também conquistaram governos estaduais, eleitos ou reeleitos.

Por outro lado, outros candidatos que defendiam o bolsonarismo ou até contaram com o apoio explícito do presidente não conseguiram votos suficientes. Alguns tiveram desempenho pífio nas urnas. 

A lista é extensa e inclui Daniel Silveira (deputado federal), Sérgio Camargo (ex-presidente da Fundação Palmares), Gilson Machado (ex-ministro do Turismo), Fabrício Queiroz (amigo da família Bolsonaro), Léo Índio (parente dos Bolsonaro), Nise Yamaguchi (médica defensora da cloroquina), Janaína Paschoal (deputado estadual e autora do impeachment de Dilma Rousseff), entre outros.

Confira o desempenho de alguns bolsonaristas derrotados em 2 de outubro

Major Vitor Hugo

Desde a pré-campanha, Jair Bolsonaro esteve diversas vezes em Goiás, onde participou de motociatas, quase sempre levando na garupa o deputado federal Major Vitor Hugo (PL), que se lançou candidato a governador do estado. Mas, enquanto o presidente saiu vitorioso entre os eleitores goianos, seu aliado ficou em terceiro (14,81% dos votos válidos), atrás de Ronaldo Caiado (União Brasil) – reeleito no primeiro turno com 51,81% dos votos – e Gustavo Mendanha (Patriotas) – teve 25,20%. 

Fabrício Queiroz

Ex-policial e amigo da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz (PTB) obteve apenas 6.701 votos e perdeu a disputa pela Assembleia Legislativa do Estado Rio de Janeiro (Alerj). 

Em sua campanha, ele usou o slogan “Lealdade de verdade”, com imagens dele ao lado de Jair Bolsonaro, seu amigo há mais de 30 anos. 

Queiroz ficou conhecido nacionalmente após ser apontado como operador do esquema da “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro – hoje senador. Queiroz foi preso em 2020 durante a investigação do caso. Foragido, foi encontrado em uma casa do advogado Frederick Wassef, que representa o clã Bolsonaro. Ele é suspeito de ligação com a milícia, que controla várias áreas do Rio de Janeiro. 

Irmãos Weintraub

Aliados de primeira do presidente Jair Bolsonaro e integrantes da chamada “ala ideológica” do governo, os irmãos Abraham Weintraub (PMB) e Arthur Weintraub (PMB) fracassaram na tentativa de conquistar suas cadeiras na Câmara dos Deputados.

Ambos concorriam por São Paulo. No meio da campanha, passaram a atacar Bolsonaro, acusando-o, entre outras coisas, de vender o governo ao Centrão e trair toda a ala ideológica. 

Ex-ministro da Educação, Abraham recebeu 3,9 mil votos. Já Arthur, ex-assessor especial do governo, obteve 1,9 mil.

Daniel Silveira

Candidato ao Senado pelo Rio de Janeiro, o deputado federal Daniel Silveira (PTB) recebeu cerca de 1,5 milhão de votos neste domingo, apesar de ser inelegível. Ele terminou em terceiro na disputa, com a preferência de 19% dos eleitores. O atual senador Romário (PL) foi reeleito com 29%, enquanto o candidato do PSB, Alessandro Molon, foi a escolha de 21,55% do eleitorado.

Silveira era o candidato de Bolsonaro ao Senado pelo Rio, embora o PL, partido do presidente, ter Romário como seu representante. Após votar neste domingo, na capital fluminense, o presidente encontrou com Silveira e, ao cumprimentá-lo, disse: “O animal, votei em você.” O encontro foi registrado em vídeo e publicado no perfil de Silveira no Instagram com críticas a um suposto apoio de Bolsonaro a Romário.

Com a candidatura ao Senado indeferida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), Daniel Silveira não teve acesso ao fundo partidário nem tempo de campanha na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV.

Preso e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Silveira recebeu um indulto de Bolsonaro, que usou em recurso apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alegando que a condenação havia sido anulada, o que o tornaria apto a disputar o cargo. Como o julgamento não aconteceu antes da eleição, o deputado consta na urna, mas seu futuro caso fosse eleito ainda estaria incerto.

Em fevereiro do ano passado, Daniel Silveira foi preso em flagrante por ordem do STF após gravar um vídeo com ofensas justamente a ministros da Corte e em defesa do Ato Institucional nº 5 (AI-5), a mais dura da ditadura militar, que permitiu ao governo punir opositores com prisões sem mandados, abrindo as portas para tortura e outros crimes .

Paola Silva Daniel

Condenado e na mira do STF por outros crimes, o deputado federal Daniel Silveira decidiu lançar a mulher, a advogada Paola Silva Daniel, como candidata a uma vaga na Câmara dos Deputados, enquanto ele tentava o Senado. O plano não deu certo.

Uma das principais apostas do PTB do Rio de Janeiro — mesmo partido de Silveira, que tem o ex-deputado federal Roberto Jefferson como seu maior cacique (outro condenado que ficou impedido de concorrer às eleições deste ano; tentou se lançar à Presidência da República) — para puxar votos, conquistou apenas 25 mil votos neste domingo.

Até então, Paola evita a política. Ela era conhecida como influencer do universo fitness. Durante a campanha, com o marido impedido pelo TRE-RJ de receber dinheiro público para campanha e usar o horário eleitoral gratuito, ela passou a usar as suas contas nas redes sociais para pedir votos para Daniel.

Assim como o marido, Paola usava um tom bélico contra as instituições, em especial o STF e o ministro do STF Alexandre de Moraes, que mandou prender Daniel após ser ameaçado publicamente por ele.

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