A violência política já deixou ao menos quatro eleitores mortos neste ano. Só no fim de semana houve dois casos, no Ceará e em Santa Catarina. Faltando cinco dias para a votação, há um temor de novos episódios, inclusive tendo candidatos como alvo, a exemplo do que aconteceu em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, no último domingo (27).

O caso da cidade mineira aconteceu em ato da campanha do deputado federal  Paulo Guedes (PT), candidato à reeleição. Um homem atirou contra a carreata do petista. Preso, ele foi identificado como policial militar. A Corregedoria da PM de Minas confirmou e prometeu tratar o episódio com rigor.

Em depoimento, o militar disse que estava em um bar com amigos, quando saíram de carro rumo a outro bar. Em determinado momento, quando passavam pela carreata, uma amiga que estava no branco de trás gritou “Bolsonaro”, momento em que três pessoas em motos cercaram o veículo. 

O policial diz ter se assustado e com medo dos participantes da carreata estarem armados, já que colocaram a mão na cintura, efetuou um disparo para cima, que não foi em direção aos petistas ou ao trio elétrico. Ao conseguir sair do local, foi novamente fechado em outro bairro pelos participantes do evento. 

Já o deputado contou que estava em cima do trio e falava ao microfone quando passou um carro branco e um homem colocou o braço pra fora e efetuou o disparo. Com o desespero, o motorista do trio teria acelerado para ir atrás do veículo de passeio com o intuito de identificar a placa. Segundo o petista, o tiro causou um tumulto generalizado. 

Paulo Guedes disse ainda que essa foi a terceira ocorrência na campanha dele envolvendo policiais em uma semana. “Há cinco dias teve um episódio com um policial civil. Na sexta, foi um policial militar que deu dois tiros para o alto contra os nossos apoiadores e ontem (domingo) essa tentativa de atentado contra mim.”

Homem entrou em bar e matou quem declarou voto em Lula

No caso fatal do Ceará, sábado (24), um homem entrou em um bar, perguntou quem ali votaria no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e deu uma facada letal na barriga do primeiro que se pronunciou. O crime aconteceu em Cascavel, a 65 km de Fortaleza, a capital do estado. 

O assassino, Edmilson Freire da Silva, que tem 59 anos, fugiu, foi preso na noite de segunda (26). A Justiça aceitou pedido de prisão preventiva por suspeita de homicídio qualificado. Ele prestou depoimento na Delegacia Metropolitana de Cascavel, onde permaneceu preso.

Já a vítima, o caseiro Antônio Carlos Silva de Lima, 39, não tinha antecedentes criminais. Ele foi socorrido, mas morreu durante atendimento médico.

Petista é acusado de esfaquear bolsonarista em Santa Catarina

Também  no sábado, o supervisor de segurança Hildor Henker, de 34 anos, foi morto a facadas em Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina, após uma discussão sobre política. Hildor, que é apoiador de Bolsonaro e estava com uma camisa de apoio ao presidente, teria sido atacado por um homem que seria apoiador do Partido dos Trabalhadores (PT).

De acordo com informações da Polícia Militar de Santa Catarina, os dois estavam bebendo juntos quando começaram a discutir por política e questões familiares. Em meio à confusão, Hildor levou uma facada e chegou a ser levado ao Hospital Regional de Rio do Sul. Ele passou por uma cirurgia de emergência, mas não resistiu e morreu no domingo.

O autor do atentado, que não teve a identidade revelada, fugiu. O homem de 58 anos já tem passagens por lesão corporal e injúria. 

O Instituto Nacional de Erradicação Escolar e Social (Ineces), responsável pelo Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (Casep) em Rio do Sul, onde trabalhava Hildor, divulgou uma nota lamentando o episódio. O supervisor atuava no Casep de Rio do Sul havia três anos. 

Bolsonarista tentou decapitar apoiador de Lula em Cuiabá 

Em 8 de setembro, um homem que defendia Lula foi morto por um apoiador de Bolsonaro após uma discussão em Confresa, a 1.160 km de Cuiabá, a capital do estado. Autor do crime, Rafael de Oliveira, 24, passou por audiência de custódia, e a Justiça de Mato Grosso manteve a prisão preventiva. 

Ele confessou, segundo a polícia, ter matado a facadas seu colega de trabalho Benedito Cardoso dos Santos, 44, depois de uma discussão política. De acordo com a polícia, o autor tentou decapitar a vítima e, após o crime, ainda filmou o corpo.

Bolsonarista matou petista a tiros em Foz do Iguaçu

Em julho, o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho matou a tiros o guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, por causa do tema da festa de 50 anos da vítima, em um clube de Foz do Iguaçu, no Paraná. 

Candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu pelo PT em 2020 e tesoureiro do partido na cidade, Arruda tinha a decoração da festa em homenagem a Lula e ao PT. 

Sem ser convidado, Guaranho, que é bolsonarista, estava em outro ponto da cidade, jogando futebol com amigos, quando foi informado do evento na agremiação onde era diretor. Com isso, pegou o carro e foi até lá com a mulher e o filho, um bebê. Chegou com o som alto tocando músicas pró Bolsonaro e contra Lula. Após bater boca com Arruda e convidados, deixou o local. Mas voltou, sozinho e armado.

Guaranho entrou no salão de festa gritando “Aqui é Bolsonaro!”. Também disse, segundo  testemunhas, que iria “matar todos os petistas”. Atirou várias vezes contra Arruda, que, mesmo caído, conseguiu revidar. O petistas morreu no local. Já Guaranho sobreviveu e, após ficar internado por mais de um mês, foi transferido para um presídio.

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