No começo de abril deste ano uma notícia surpreendeu e encheu os mineiros de orgulho: na lista da revista britânica “The Art Newspaper”, a unidade belo-horizontina do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que também está presente em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, havia alcançado o inédito posto de museu mais visitado da América Latina no ano de 2023 – exatamente quando o CCBB BH completava seus primeiros 10 anos de história. Globalmente, o equipamento ficou entre os 50 com maior público, ocupando o 41º lugar.

Neste ano, o museu voltou a ostentar números expressivos, ultrapassando a marca de 1 milhão de visitantes. Um feito celebrado por Gislane Tanaka, gerente geral do espaço. 

“Atingir mais de 1 milhão de visitantes neste ano é um feito muito grande para o CCBB BH e reafirma nossa posição como uma das principais referências culturais do país. Esse número não apenas demonstra a força da nossa programação diversificada e acessível, mas também evidencia a conexão genuína que construímos com o nosso público. É graças a essa relação, baseada em troca e diálogo, que conseguimos crescer e levar a cultura a cada vez mais pessoas”, avalia.

Ela antecipa o que está por vir no próximo ano. “Entre os destaques (dos projetos que chegam ao lugar no início de 2025), estão a exposição do Bolsa Pampulha, a celebração dos 18 anos da Cia. O Trem e a estreia nacional do novo espetáculo do grupo Quatroloscinco (Teatro Velocidade, que entra em cartaz no dia 2 de janeiro), que depois seguirá em temporada pelas outras unidades do CCBB”, menciona.

Obra que integra a mostra Camará, do 9º Bolsa Pampulha - Crédito: Estudio Valente/Divulgação

“Ao longo do ano, receberemos atrações inéditas na cidade, como o ‘Amazônia em Movimento’, do Corpo de Dança do Amazonas, a exposição individual do artista Flávio Cerqueira, a mostra ‘Ancestral: Afro-Américas (Estados Unidos e Brasil)’ que reúne artistas afrodescendentes de ambos os países, e a aguardada ‘Fullgás – Artes Visuais e Anos 1980 no Brasil’, com obras de mais de 200 artistas. Além disso, o ‘UrbanoZ Festival’ colocará a geração Z e a cultura urbana no centro do palco, com shows, performances e painéis sobre temas como diversidade, empoderamento e cultura digital”, complementa. 

Sucesso de público 

Campeã de bilheterias, a mostra “Tesouros Ancestrais do Peru”, que atraiu 201.373 visitas. A segunda exposição mais vista foi “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira”, alcançando 184.424 pessoas. 

“Arte Subdesenvolvida” foi outra aposta de destaque, fechando a temporada com 170.316 visitantes, seguida por “Mundo Zira – Ziraldo Interativo” com a presença de 135.243 pessoas, e “Hélio Oiticica – Delirium Abulatorium”, que atraiu 75.629 visitantes apenas em 2024 – no total, considerando números acumulados desde a estreia, em 2023, foram 134.847 visitas.

Braços feitos de ouro que faziam parte de rito funerário e foram expostos em mostra Tesouros Ancestrais do Peru - Crédito: Fred Magno/O Tempo

Já na seara das artes ciências, a peça “Vestido de Noiva”, do Grupo Oficcina Multimédia (GOM), que conquistou o Prêmio APCA 2023 de Melhor Direção, foi a mais vista, somando uma audiência de mais de 4 mil pessoas em sua temporada no equipamento. “Fausto”, última montagem dirigida por Zé Celso Martinez Correa, lendário criador do Teatro Oficina, que faleceu em julho do ano passado decorrência de queimaduras após um incêndio em seu apartamento, em São Paulo, totalizou mais de 3.400 espectadores.

Por sua vez, a montagem “Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo”, idealizada por Tuca Andrada como uma homenagem ao poeta Torquato Neto, levou quase 2 mil pessoas ao Teatro II do CCBB BH.

A programação do espaço ainda recebeu projetos que celebraram o teatro de bonecos, com a mostra Carroça de Mamulengos – Três Gerações de Arte Brincante, e atrações musicais, como o projeto “Vozes Ancestrais”, em que, ao lado da norte-americana Alissa Sanders, o mineiro Sérgio Pererê evoca cantos seculares criados por escravizados negros, resgatando as origens comuns das músicas brasileira e americana.

Em cartaz

Encerrando a programação do equipamento, a exposição imersiva “Luz Æterna – Ensaio Sobre o Sol” é apresentada nas Galerias do 3º andar, enquanto a mostra “9ª Bolsa Pampulha: Camará”, que apresenta o resultado da residência artística do Museu de Arte da Pampulha (MAP), é realizada nas galerias do térreo.

Por fim, a instalação “Pirilampos do planeta”, obra, que simula um lustre em grandes proporções, é uma criação de Lula Duffrayer e Flavio Carvalho, e combina arte e sustentabilidade, sendo composta por cerca de uma tonelada de resíduos plásticos reutilizados, pode ser vista no pátio do CCBB BH.