Em meio a uma crise envolvendo a extinção do braço cultural do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (veja mais abaixo), o BDMG Cultural realiza, entre os dias 24 e 26 deste mês, no Teatro Sesiminas, a etapa final do prestigiado 23º Prêmio BDMG Instrumental em Belo Horizonte.
Na ocasião, doze instrumentistas vão se apresentar, e quatro serão consagrados, recebendo premiação em dinheiro e shows em BH e São Paulo. O evento ainda conta com a entrega do Prêmio Marco Antônio Araújo, que reconhece trabalhos de música instrumental lançados no ano anterior, e do Prêmio Flávio Henrique, voltado para álbuns autorais de canção brasileira.
Os finalistas foram escolhidos por uma comissão independente e diversificada. Cada um dos doze instrumentistas selecionados vai apresentar, no evento, duas composições autorais e uma música arranjada, seguindo as diretrizes do edital. Os quatro vencedores Prêmio BDMG Instrumental serão agraciados com R$ 15 mil cada. Além disso, três outros instrumentistas serão destacados nas categorias de melhor instrumentista, melhor arranjo e músico revelação.
Outras premiações
O álbum "Futuras Paisagens", de Marcio Guelber, foi o grande vencedor do Prêmio Marco Antônio Araújo – artista que também fará uma apresentação no evento. O Prêmio Flávio Henrique, por sua vez, reconhece o trabalho de Déa Trancoso e Regina Machado, na categoria compositora, e Patrícia Ahmaral, na categoria intérprete.
O 23º Prêmio BDMG Instrumental e o Prêmio Marco Antônio Araújo são uma realização do BDMG Cultural, com o apoio do Ministério da Cultura e patrocínio do BDMG - Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. A entrada para o evento é gratuita. Conheça a relação de artistas selecionados:
- Arthur Rezende. Percussionista de Belo Horizonte, começou a tocar bateria aos 11 anos e rapidamente se estabeleceu na cena musical mineira. Vencedor do Jovem Instrumentista BDMG em 2003, hoje acompanha artistas como Beto Guedes e Flávio Venturini.
- Delson Guimarães. Músico licenciado pela UEMG, Delson é conhecido por sua versatilidade como guitarrista e arranjador, colaborando com diversos grupos e artistas, além de compartilhar seu conhecimento como educador musical.
- Felipe Rossi. Clarinetista e clarone de Belo Horizonte, Felipe possui uma carreira internacional e é reconhecido por sua abordagem multifacetada à música, que inclui composição, arranjo, produção e educação.
- Guilherme Pimenta. Violinista e compositor, Guilherme tem se destacado por sua habilidade em improvisação e sua integração na música popular, colaborando com grandes nomes da música brasileira.
- Ítalo Fernando. Músico multifuncional, Ítalo é conhecido por seu trabalho como produtor musical, arranjador, tecladista e educador, trazendo uma rica experiência para o cenário musical de Belo Horizonte.
- Marcelo Fonseca. Violinista premiado e ex-integrante da Orquestra Sinfônica Jovem do Palácio das Artes, Marcelo é um exemplo de dedicação e talento na música instrumental.
- Marcos Rufatto. Compositor e músico de Uberaba, Marcos é conhecido por seu álbum autoral “Vata” e por suas colaborações com figuras proeminentes da música brasileira.
- Pablo Araújo e Bill Davison. Duo dinâmico, Pablo e Bill são reconhecidos por suas contribuições à música instrumental, com trabalhos que vão desde trilhas sonoras até projetos autorais.
- Pablo Malta. Mestre em performance musical pela UFMG, Pablo é um artista versátil que atua com bandolim, cavaquinho e guitarra, imergindo-se na cultura popular brasileira.
- Rafael Pimenta. Compositor, arranjador e pesquisador, Rafael é conhecido por seu trabalho acadêmico e suas contribuições à música contemporânea e tradicional brasileira.
- Raïssa Anastasia. Flautista e educadora, Raïssa é uma figura central na promoção da música de choro feminina e na pesquisa acadêmica em música.
- Wallace Gomes. Violonista, compositor e arranjador, Wallace é influenciado pela música popular mineira e é reconhecido por seu álbum “Instante”, que reflete as raízes de sua regionalidade.
Apreensão
Neste ano, a tradicional noite de celebração da música instrumental mineira pode ser marcada por um clima de apreensão diante das incertezas em torno da continuidade das iniciativas capitaneadas pelo BDMG Cultural.
Em mais um capítulo envolvendo a crise em torno do encerramento das atividades da instituição, Jefferson da Fonseca renunciou à presidência da entidade na quinta-feira (16). Ele havia sido nomeado para o cargo no dia 3 deste mês. Com o movimento, a entidade volta a ser presidida interinamente pela diretora financeira Larissa D’Arc.
A renúncia de Fonseca, que é presidente da Fundação de Artes de Ouro Preto (Faop), acontece uma semana após a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em que parlamentares buscavam explicações para a decisão do Co do banco de se dissolver a entidade cultural. Realizada no dia 9, a cerimônia foi marcada pela ausência de respostas de representantes do governo do Estado frente aos questionamentos.
Coutinho havia sido escolhido pelo Conselho de Administração do BDMG. A expectativa era que ele fosse o responsável pela condução da transição na instituição para realinhar os investimentos do banco e fortalecer a cultura no Estado. A Faop é uma unidade da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) que nasceu em 1968 a partir da união de esforços do poeta Vinicius de Moraes, da atriz Domitila do Amaral, do escritor Murilo Rubião e do historiador Affonso Ávila como um espaço para produção de arte.
Protestos
A decisão do Conselho do BDMG de encerrar as atividades de seu braço cultural foi recebida com indignação por agentes culturais, pela classe artística e por funcionários e servidores da instituição, que, desde o mês passado, vem realizando uma série de protestos contra a medida.
Em comum, tanto artistas quanto servidores e funcionários dizem ter recebido a notícia com surpresa e se queixam da opacidade das informações – que não foram elucidadas nem mesmo na audiência pública realizada na ALMG.
Após a repercussão negativa, Jefferson da Fonseca Coutinho, ainda na expectativa de ser empossado presidente do BDMG Cultural, disse, em entrevista a O TEMPO, que ações e programas antes encabeçados pela entidade seriam continuados. Não está claro se, agora, com sua renúncia, esse quadro se altera.
Reação
Durante a audiência realizada no dia 9, a deputada Lohanna (PV), vice-presidente da Comissão de Cultura da ALMG, propôs estratégias para fazer frente a ameaça de encerramento do equipamento.
Uma das ações mencionadas por ela seria impetrar um mandado de segurança pedindo a reversão da decisão do Conselho do banco, que, segundo ela, não consultou a Associação dos Servidores do instituto, configurada como uma associação que tem como sócios e fundadores o BDMG e a Associação dos Funcionários do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (AFBDMG).