MÚSICA

Juarez Moreira comemora 70 anos em show que celebra parcerias musicais

Apresentação ocorre neste sábado (18), abrindo a programação do BH Instrumental 2024

Por Alex Bessas
Publicado em 17 de maio de 2024 | 06:30
 
 
 

“Vai ter muito afeto, amizade e história”. É assim que Juarez Moreira descreve o show, que ele realiza neste sábado (18), em comemoração de seus 70 anos de idade e 50 de música. Na apresentação, que inaugura a programação do BH Instrumental 2024, o músico recebe uma série de convidados que fizeram e fazem parte de sua trajetória.

“São pessoas que compartilharam momentos importantes comigo, momentos importantes para a minha vida, para a minha música, que já trabalharam comigo, com quem já desenvolvi trabalhos conjuntamente”, estabelece o artista, que tem uma palavra de admiração para cada um dos parceiros de palco. “O Toninho Horta, todo mundo sabe da minha amizade e parceria com ele. Com o Wagner Tiso, toco desde a década de 70, quando ainda estava na faculdade. O Nivaldo Ornelas é, para mim, um amigo e professor. O Alexandre Gismonti é um querido e, o Egberto Gismonti, uma figura que admiro há muito tempo, com quem já tive a chance de me apresentar nesta mesma praça”, destaca, fazendo menção à praça Floriano Peixoto, no bairro Santa Efigênia, onde o show será realizado.

Juarez prossegue enaltecendo o seu irmão, o guitarrista Celso Moreira. “Nossa relação dispensa apresentações. Vai ser um prazer estar com ele durante essa celebração”, assinala. Completam o time o flautista Mauro Rodrigues, os saxofonistas Chico Amaral e Cléber Alves, além do contrabaixista Kiko Mitre e dos bateristas Lincoln Cheib e André “Limão” Queiroz, que formam a base dos grupos do músico, que decreta: “Vai ser um grande show, estamos todos muito animados”.

Quanto ao repertório, Juarez reconhece: “É o que está dando mais trabalho”. “Pensei em trazer algumas músicas minhas mais antigas, além de tocar composições de meus convidados. Com Wagner Tiso, por exemplo, ele deve interpretar “Os Cafezais Sem Fim” (1978) e, talvez, “Cine Pathé” (2007). Com Egberto Gismonti, a proposta é apresentar “Ano Zero”. “Com o Toninho, estamos pensando ainda”, reconhece, lembrando já ter dedicado uma criação ao amigo, a música “Samba para Toninho” (1990), e ter tido uma composição sua, “Diamantina” (1989), gravada por ele.

A seleção musical, como se percebe, não está completamente fechada, abrindo brechas para improvisos que só são possíveis graças à sintonia entre Juarez e seus convidados, com os quais nutre uma parceria já maturada. Certo mesmo é que, na apresentação, o artista aposta na sonoridade jazzística revestida de mineiridade, incluindo sucessos do anfitrião do evento, como “Baião Barroco” (1989) e “Você Chegou Sorrindo” (1999), além de arranjos para composições de seus grandes influenciadores na música brasileira, como Tom Jobim, Luiz Bonfá, Pixinguinha e Luiz Eça.

Momento auspicioso

Mais que celebrar seus próprios 70 anos, 50 dos quais dedicados à música, Juarez Moreira expõe que a ideia é celebrar a “vitória da música instrumental, que, com muita insistência, conquistou seu espaço”. “Sou de uma época em que as pessoas me ligavam e sugeriam que eu cantasse para que, então, tivesse mais público. Mas, felizmente, essa lógica foi se transformando, e o país foi abraçando mais e mais o instrumental”, aponta.

Para ele, aliás, projetos como o BH Instrumental e o Prêmio BDMG Instrumental foram essenciais para essa mudança. O primeiro, realizado pela Veredas Produções há mais de 15 anos, com idealização da produtora cultural Rose Pidner (in memoriam), integra o Circuito Instituto Unimed-BH. Já o último chega neste ano a sua 23ª edição com a promessa de ser continuado, apesar do anúncio da extinção do braço cultural do Banco do Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).

“A importância dessas iniciativas é vital. São elas que catapultaram muitos músicos em Minas e no Brasil, são elas que fizeram de Minas um grande celeiro da produção instrumental”, avalia, inteirando que chega aos 70 anos animado com a efervescência dessa cena em Belo Horizonte. “Uma das grandes motivações que tenho para continuar nos palcos é ver essa meninada cada vez mais atuante. Hoje, posso dizer que BH está honrando nossa tradição na música e vivendo um momento muito ativo, que eu sempre acreditei que chegaria”, garante.

Abertura

O músico Kiko Mitre
O músico Kiko Mitre, que lança o seu primeiro álbum, 'Andaluzia'. Foto: Ayra Mendes

A vitalidade da cena instrumental belo-horizontina, diga-se, se apresenta já na abertura do evento, quando o contrabaixista Kiko Mitre apresenta seu primeiro trabalho autoral, “Andaluzia” – projeto selecionado através do edital Série BH Instrumental 2024, na categoria Circulação. No concerto, ele divide palco com suas sobrinhas Luísa e Natália Mitre, no piano e bateria, respectivamente. Lucas Telles e Fernando Macedo assumem os violões e guitarras, completando o conjunto.

No show, o músico celebra seus 40 anos na cena instrumental mineira – mais da metade desse tempo, ao lado de Juarez Moreira. A escolha de Kiko para iniciar as festividades, destaca a produção, não é coincidência, mas um reconhecimento de sua contribuição à música e uma homenagem à sua parceria duradoura com o homenageado. “Ele me mostrou algumas faixas (do álbum ‘Andaluzia’) aqui em casa. Achei muito bonito e bem-feito – exatamente o que eu esperava para alguém tão dedicado à música quanto ele”, reforça Juarez.

Novas empreitadas

Além de abençoar e se animar com as criações tanto de antigos parceiros quanto de artistas que pertencem a uma nova safra de músicos instrumentais mineiros, Juarez Moreira segue, ele próprio, em franco processo criativo e produtivo. Ainda neste ano, ele planeja trabalhar em dois novos álbuns e realizar uma turnê na Europa.

“Um dos novos projetos que estou envolvido agora é o ‘Dedicatória’, que é dedicado a pessoas, situações e lugares, em que apresento composições autorais em um septeto. Também venho trabalhando em um disco com obra de Tom Jobim, chamado ‘Andorinha’, que vai ser o segundo que lanço em torno da obra dele. Os dois saem no segundo semestre deste ano, sendo o primeiro pelo selo Savassi Jazz e, o segundo, independente”, descreve o violonista.

“Também estou me preparando para, pela primeira vez depois da pandemia, voltar a fazer uma turnê em um país europeu”, complementa, informando que estará na Suíça entre outubro e novembro, aonde vai se apresentar com o trompetista Peter Scharli e com o pianista Hans  Feigenwinter. O trio já esteve junto antes, quando gravaram o CD “Castelo”, de 2014. “Dez anos depois, vamos gravar outro”, antecipa.


SERVIÇO:
O quê. Série BH Instrumental apresenta Juarez Moreira no show #Juá70: Especial 70 Anos. Abertura com o lançamento do CD ‘Andaluzia’, de Kiko Mitre
Quando. Neste sábado (18), a partir das 19h
Onde. Praça Floriano Peixoto, no bairro Santa Efigênia
Quanto. Acesso gratuito

 

 

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