Sérgio Rezende é fascinado pelo sertão brasileiro. Foi influenciado pelo pai, fã do livro “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, e pela região de características “roseanas” que frequentou durante a infância e a adolescência, no interior mineiro. Muitos de seus filmes, de “Doida Demais” a “Guerra de Canudos”, trazem esse cenário.
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 documentário “Sertão Sertões”, que estreia nesta quinta-feira (23), às 20h, no Canal Brasil (TV paga), é o epílogo dessa jornada do cineasta, reunindo Guimarães Rosa e Euclides da Cunha para mostrar uma nova face do país, que já não condiz com a mítica frase contida em “Os Sertões”, sobre um sertão que vai virar mar e vice-versa. Agora, é tudo uma coisa só.

“A questão que inspira o filme é essa profecia do Antônio Conselheiro (líder da revolta de Canudos, no final do século XIX, tema do livro de Euclides da Cunha). Depois desse processo todo, de 12 anos viajando pelo país, eu percebi que, na verdade, que o sertão é a praia. E a praia é o sertão. Esses mundos se fundiram inteiramente”, assinala Rezende.

“Embora tenha vivido sempre no Rio, eu me sinto muito nesse universo mágico do interior do Brasil. É uma coisa mítica para mim”, registra. Ele fez o filme “meio como um caçador de borboletas”, sem equipe para auxiliá-lo. “Devo ter andado milhares de quilômetros de carro. É meio que um road movie”, afirma o realizador.

Pelo caminho, encontrou personagens que pareciam saídos das páginas de “Grande Sertão: Veredas”, de Rosa. Por sinal, depois de levar a história de Canudos para a telona, também tentou adaptar o livro do autor mineiro, sem sucesso. “Eu tentei fazer há muitos anos, depois do ‘Zuzu Angel’. Tentei os direitos, mas era um valor que eu não tinha como bancar e, com muito pesar, desisti”, lamenta.