FICÇÃO CIENTÍFICA

Jennifer Lopez caça inteligência artificial assassina em "Atlas", nova produção da Netflix

Com direção de Brad Peyton, megaprodução da gigante do streaming estreia nesta quinta-feira

Por Isis Mota
Publicado em 23 de maio de 2024 | 22:01
 
 
 

Brad Peyton era criança quando assistiu “O Exterminador do Futuro 2” na sua cidade natal, no Canadá, de apenas 9.000 habitantes. O encantamento foi tamanho que ele decidiu, ali, que era aquilo que queria fazer da vida. Filho de uma enfermeira e um horticultor, considerava seu desejo um sonho impossível. Isso até saber que James Cameron, o diretor do filme – e de “Avatar” e “Titanic”, para citar alguns –, também era canadense. “Naquele momento, eu percebi que era possível eu também ir para Hollywood fazer cinema”, revelou, em entrevista coletiva na Cidade do México, da qual O TEMPO participou via Zoom.

O filme “Atlas”, que estreia mundialmente nesta quinta-feira na Netflix, é exatamente, segundo Peyton, esse sonho realizado. Megaprodução de ficção científica estrelada e coproduzida por Jennifer Lopez, espetaculariza o dilema contemporâneo: a inteligência artificial é “só” aliada da humanidade ou oferece riscos que sequer imaginamos?

Mais habituada às comédias românticas e histórias de amor, JLo bebeu na mesma fonte que Peyton para construir sua Atlas. Questionada sobre que atrizes ou personagens teriam inspirado sua composição dessa protagonista, não pensou duas vezes: “Linda Hamilton, em ‘Exterminador do Futuro 2’. Para mim, ela era a mais durona das duronas. Eu me lembro de estar no cinema, em Nova York, e pensar: ‘eu vou ser atriz e é isso que eu vou fazer’. Agora finalmente pude fazer algo parecido”, conta Jennifer, emendando com sua outra referência: a Ripley de Sigourney Weaver em “Alien”.

Em “Atlas”, Jennifer Lopez é uma mulher inteligentíssima – mas antissocial – que dedicou sua vida a caçar Harlan (Simu Liu), a inteligência artificial que conseguiu sobrescrever seu próprio código, que o impedia de prejudicar humanos. Harlan reprograma todos os bots do planeta com uma ordem: cometer genocídio. Milhões de pessoas morrem até que Harlan é parcialmente derrotado e foge da Terra. Décadas depois, Atlas descobre seu esconderijo. Uma coalizão de países manda um esquadrão composto por lutadores simbióticos – um humano dentro de um mech, uma espécie de armadura gigante controlada por inteligência artificial.

Num mecanismo que lembra “Titanfall”, franquia de jogos de tiro da Electronic Arts, humano e robô se unem por meio de um neurolink e formam uma unidade, na qual a confiança é fundamental. “Eu posso ter explosões, grandes naves e mechs gigantes”, diz Peyton, mas “Atlas” é essencialmente, para ele, uma história sobre confiança.

Jennifer Lopez interpreta uma mulher que foi, de certa forma, abusada pela IA – razão pela qual não confia em ninguém. Na vida real, a atriz, cantora e empresária tem abordagem similar. “A tecnologia está se desenvolvendo o tempo todo, e tem uma parte que me deixa muito nervosa”, diz a estrela. “Quando a internet surgiu, tinha gente que dizia que ela nunca ia tomar o mundo da música”, relembra, rindo, enquanto conta que nunca usou ChatGPT nem gosta de falar com equipamentos. “É muito estranho dizer ‘acenda a luz’”, completa.

Brady Peyton, conhecido por “Rampage: Destruição Total” e “Terremoto: A Falha de San Andreas”, dirige o roteiro de Leo Sardarian e Aron Eli Coleite com a mesma estrutura narrativa direta de seus filmes de destruição. “Atlas” é didático ao seguir uma linha reta cronológica, com poucos flashbacks esclarecedores. Ao contrário de outras obras em que a inteligência artificial é “apenas” um algoritmo, em “Atlas” ela é personificada em robôs humanoides que, ao terem consciência, vontade própria e sentimentos, geram uma nova espécie.

A ação é frenética e ininterrupta, com cenas que são praticamente um game de tiro em primeira pessoa. Embora se passe num futuro hipotético, o espectador reconhece o mundo de “Atlas”. “Eu trabalhei com alguns futuristas antes do filme, porque queria mostrar o que realmente poderia acontecer daqui a cem anos, como seria Los Angeles, por exemplo”, conta Peyton.

Veículos voadores, arranha-céus autossuficientes em energia e robozinhos que realizam tarefas domésticas estão em toda parte, mas o maior exercício de imaginação fica mesmo por conta da inteligência artificial. “Esses futuristas falam que IA é uma ferramenta, é como se fosse um martelo. Ela já está aqui hoje, mas nada nos desculpa de sermos responsáveis pelo modo como a usamos”.

"ATLAS" - Netflix

DIRETOR: Brad Peyton

ROTEIRISTAS: Leo Sardarian e Aron Eli Coleite

ELENCO PRINCIPAL: Jennifer Lopez, Simu Liu, Sterling K. Brown, Gregory James Cohan, Abraham Popoola, Lana Parrilla e Mark Strong

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