Foi pelas mãos do poeta Sérgio Natureza que os músicos Jaime Alem, 72, e Chico Lobo, 60, se conheceram. Quando recebeu o CD de Chico, Jaime “nem sabia que ele era mineiro”, mas, de cara, se encantou pela música do violeiro nascido em São João del Rei, tanto que o indicou à Maria Bethânia, na época interessada em ter uma viola em seu espetáculo. 

A ideia acabou não se concretizando, mas abriu as portas para “uma relação fraternal”, que poderá ser conferida nesta quinta (18), no encerramento da atual edição do projeto “Uma Voz, Um Instrumento”, quando Jaime Alem e Chico Lobo sobem ao palco com o aguardado show “Violas, Violões e Violeiros”. Em 2016, Bethânia, Jaime e Chico Lobo gravaram juntos a canção “Maria”, de autoria do violeiro.

Em conversas com o produtor musical e diretor artístico Pedrinho Alves Madeira, apareceu a sugestão do encontro. “Quando falei o nome do Chico Lobo, o Pedrinho comprou na hora”, relembra Jaime, que enaltece o “vasto conhecimento” do companheiro. 

“O Chico conhece o métier. Ele domina as várias correntes da viola. É moderno, não tem preconceitos com instrumentos elétricos, e eu, como arranjador, me identifico muito com essa abertura que ele tem para a música”, diz, sem esquecer de destacar a sonoridade do instrumentista. 

“Ele toca uma viola forte, brilhante, não tem economia. O Chico desce aquela ‘mãozona’ que ele tem!”, diverte-se Jaime. Além de canções autorais, como “Doce Viola” e “Vazante”, o repertório agrega clássicos da MPB pesquisados por Pedrinho Madeira, casos de “Mágoa de Caboclo” e “Tristeza do Jeca”.

Repertório e projeto de inéditas 

Entre os achados, Jaime sublinha a “beleza inebriante” de “A Estrada e o Violeiro”, de Sidney Miller (1945-1980), cantada em trio com a adesão da cantora Nair Cândia, esposa do maestro e arranjador paulista, natural de Franca. Novamente em trio, eles revelam ao público a inédita “Amorosidade”, de Jaime, cujo tema é “o amor e a amizade”. 

No horizonte, está a intenção de registrar o encontro em estúdio. “É só questão de amadurecer o show”, promete Jaime, que mantém outro projeto na agenda. Um pouco antes da pandemia de Covid-19, em 2020, ele, Nair e a irmã Jurema de Cândia, vocalista da banda de Roberto Carlos, decidiram, enfim, “assumir” o Trio Janaju, formado com as iniciais de cada integrante, que se apresentava informalmente.

“Já temos 12 músicas gravadas, à espera de um patrocínio que estamos negociando. Dá até para lançar assim, mas sou caprichoso, quero acrescentar instrumentos, músicos convidados”, justifica Jaime, que prevê o lançamento para o início de 2025. Batizado “Lindeira”, parceria de Jaime com a escritora paranaense Etel Frota, o álbum deve ganhar mais duas faixas, contabilizando 14 no total. 

Sem medo de “um disco grande”, o músico paulista, admirador confesso do Clube da Esquina e de Milton Nascimento, tem estabelecido uma proximidade cada vez maior com Mauricio Tizumba, que o levou para conhecer o congado, Sérgio Pererê e Maíra Baldaia. “Tenho origens mineiras, uma relação familiar grande, e quero aprofundar as musicais”, finaliza Jaime.

Serviço.

O quê. “Uma Voz, Um Instrumento”, com Chico Lobo e Jaime Alem

Quando. Nesta quinta (18), às 21h

Onde. Centro Cultural Unimed-BH Minas (rua da Bahia, 2.244, Lourdes)

Quanto. De R$25 (meia) a R$50 (inteira) na bilheteria do teatro ou pelo site www.sympla.com.br