O funk produzido em Belo Horizonte já viveu muitas fases. Logo quando estourou na capital, na década de 80, o que predominava era o chamado “funk consciente”, com letras engajadas e reflexivas, que aborda questões como a desigualdade social e a violência policial.
Depois, veio a época do funk ostentação, que valoriza bens materiais caros, como carrões na garagem, bebidas de valores exorbitantes e joias infinitas. Agora, o funk, com letras que exaltam o sexo explícito, é o tema mais recorrente das letras do gênero feito por aqui.
O estilo, vale ressaltar, sempre fez sucesso, mas é como se agora estivesse em uma nova fase – muito boa, por sinal. Na avaliação do MC Mininim, o motivo de o funk de BH fazer tanto sucesso é jogar luz sobre a realidade das favelas.
“Além de cantar as pessoas o que as pessoas gostam de ouvir, nós mostramos a realidade que vivemos. Nós não somos da mentira, e, justamente por isso, é que estamos ganhando tanto espaço no funk e no mundo também”, elabora.
O MC, a propósito, precisou modificar a MTG de “Romance”, música de Humberto e Ronaldo, por conter obscenidades. “A dupla foi visionária, porque muitas crianças e adolescentes escutam-na também. Isso foi bom porque deu um novo pique para a canção, que fez muito sucesso”, pontua.
MC Laranjinha, por sua vez, acredita que o fato de poder se expressar livremente é o que faz com que o funk produzido aqui esteja fazendo tanto sucesso.
“Mas não é apenas o proibidão que repercute. O forte de Belo Horizonte é, realmente, a MTG e o remix. É a liberdade de expressão que faz com que nós cresçamos”, acentua.