Depois de sete edições em Belo Horizonte, que criaram dois mirantes de arte a partir da pintura das laterais cegas de grandes edifícios, o Circuito Urbano de Arte (CURA) volta a Manaus, capital do Amazonas. 

Na cidade, painéis em grande escala estão sendo produzidos pelos artistas Duhigó e Rember Yahuarcani, que pintam as empenas dos edifícios Mônaco e Monte Carlo, respectivamente, localizados na avenida Getúlio Vargas.

A previsão é que as obras, que começaram a ser feitas na quarta-feira (7), fiquem prontas no sábado (17), quando os prédios, localizados no centro manauara, serão integrados ao Mirante de Arte Mural Amazônica.

Elenco

Duhigó, responsável pela pintura da fachada lateral do edifício Mônaco, é nascida na aldeia Paricachoeira, município de São Gabriel da Cachoeira, distante 852 quilômetros de Manaus. Ela é filha de pai Tukano e mãe Dessana. Na capital do Estado desde 1995, a artista concluiu o curso de Pintura na Escola de Arte do Instituto Dirson Costa de Arte e Cultura da Amazônia, em 2005, e se tornou a primeira indígena da etnia Tukano a se profissionalizar nas artes visuais. De lá para cá, em suas obras, ela busca expressar a memória do seu povo e seus ancestrais para que a cultura Tukano não desapareça.

Por sua vez, Rember Yahuarcani, que pinta seu mural no edifício Monte Carlo, nasceu em Pebas, um distrito de Loreto, no Peru. Desde 2003, ele exibe individual e coletivamente em museus e galerias de arte na América Latina, América do Norte, Europa e Ásia e, em 2024, compôs a Bienal de Veneza, além de atuar como curador. Autodidata, ele nasceu em família de artistas, carrega a técnica e as cosmovisões de seus antepassados. É na cosmologia Uitoto que ele encontra inspiração, principalmente nas cosmologias relacionadas ao clã Aymenú, ao qual pertence.

Retorno

Esta é a segunda edição do CURA em solo amazônico. Em 2023, no território histórico do Largo São Sebastião, complexo arquitetônico que abriga o patrimônio brasileiro, o evento transformou duas empenas em murais de arte, com obras dos artistas indígenas Denilson Baniwa, nascido em Barcelos, no Amazonas, e Olinda Silvano, do Peru. Além disso, o festival apresentou a instalação “Entidades”, do roraimense Jaider Esbell (1979-2021).
 
A organização do CURA, estima que, ao longo de dez dias de evento no ano passado, 790 m² de área foi pintada, impactando 10 mil pessoas por meio da promoção de arte e cultura. No total, 40 pessoas foram contratadas de forma direta para a produção, comunicação e pintura, sendo 75% profissionais de Manaus e os demais de Belo Horizonte e outras regiões.