A Justiça de São Paulo aceitou uma denúncia do Ministério Público (MP) contra o ex-BBB Felipe Prior pelo crime de estupro, menos de uma semana após ter sido condenado pelo mesmo delito em segunda instância e ter sua pena aumentada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

Na última semana, o MP apresentou suas alegações finais — a última oportunidade em que as partes de um processo têm para apresentar seus argumentos e conclusões antes da decisão do juiz — relatando que o crime teria acontecido em 2015, na cidade de Votuporanga, interior de São Paulo, durante uma viagem de Carnaval.

"No dia dos fatos, o acusado passou a beijar e a passar as mãos pelo corpo da vítima quando estavam na piscina, na presença de outras pessoas, o que deixou a ofendida constrangida, de modo que saíram dali e foram para uma barraca", diz um trecho do documento divulgado pelo G1.

⚠️ AVISO DE CONTEÚDO SENSÍVEL: O trecho abaixo, extraído do relatório do MP, descreve atos de violência sexual.

"Na barraca onde a vítima dormia, sendo que a vítima estava de biquíni e o acusado de sunga, este foi rapidamente tirando sua roupa e forçou a cabeça da ofendida contra seu pênis para que ela fizesse sexo oral, sendo que o pênis do acusado chegou a tocar na boca da vítima. A vítima imediatamente falou que não queria e empurrou o acusado. Contudo, aproveitando-se de sua força física, de seu peso e de seu tamanho, o acusado deitou a vítima e deitou-se sobre ela, colocando apressadamente uma camisinha no seu pênis. A ofendida disse não, que não iria transar com o acusado, sendo que ele não a ouvia e usou a força do peso do corpo dele, a configurar a violência, mantendo a ofendida imobilizada, para penetrar seu pênis na vagina da vítima, que sentiu dor, diante da total ausência de lubrificação", narrou o MP no documento.

De acordo com a vítima e testemunhas, Felipe Prior interrompeu o ato ao notar que uma amiga da denunciante se aproximava do local. Com isso, a jovem teria conseguido empurrar o acusado e assim se livrar da violência.

Em depoimento, Felipe Prior que praticou sexo consensual com a vítima, negando o uso de violência durante a ação. Para o MP, as declarações da vítima e do réu são suficientes para confirmar a materialidade do crime.

"Não obstante, a materialidade, ou seja, a existência do fato, assim como a autoria, ficou demonstrada pela prova oral coligida, especialmente pelo seguro depoimento da vítima e pelo interrogatório do réu, que não negou ter mantido conjunção carnal com a vítima", destacou o Ministério Público no relatório.

Felipe Prior teria afirmado ainda que a as acusações da vítima foram motivadas por ciúme, já que ele havia ficado com outra mulher além dela durante a viagem, mas o MP não acredita na justificativa do ex-BBB.

"O réu tenta fazer crer que a vítima teria inventado os fatos porque ficou enciumada por ele ter ficado [com outra mulher] no mesmo dia e até o final do evento carnavalesco. [...] os fatos somente foram revelados pela ofendida anos após o ocorrido, depois que a vítima tomou consciência efetiva de que tinha sido vítima de estupro e que não teve qualquer culpa pelo ocorrido. Se ela quisesse inventar os fatos para prejudicar o réu, por ter se sentido enciumada, ela teria feito isso naquela oportunidade", argumento o órgão.

"Inventar fatos tão graves, por razões tão banais, não parece condizer com a personalidade da vítima. [...] Os fatos somente foram revelados pela vítima às autoridades após ela saber que o réu tinha praticado fatos semelhantes com outras mulheres, inclusive, valendo-se do mesmíssimo modus operandi", acrescentou o promotor no relatório.

Felipe Prior foi condenado por caso de 2014

Na terça-feira (10), o Tribunal de Justiça de São Paulo aumentou a pena de Felipe Prior para 8 anos de prisão em regime semiaberto pelo crime de estupro. Inicialmente, o ex-BBB havia sido condenado a 6 anos de detenção em 1ª instância. No entanto, após recurso da defesa, os desembargadores, por decisão unânime, ampliaram sua sentença em mais dois anos.

Neste caso, a vítima relata que Felipe Prior teria dado carona à vítima e a uma amiga após uma festa universitária em agosto de 2014. O réu teria deixado a outra jovem em sua residência e numa rua próxima a casa da denunciante realizado o ato.

Felipe Prior teria começado beijando e acariciando o corpo da vítima, em seguida a teria puxado para o banco traseiro e a abusado sexualmente. A mulher alega que estava alcoolizada, por isso não conseguiu oferecer resistência.