Se a morte precoce e repentina de Amy Winehouse, falecida em 2011 aos 27 anos, deixou seus fãs estarrecidos, o impacto foi ainda mais forte naqueles que conviviam com ela diariamente. A cantora e compositora britânica era descrita como uma pessoa doce, amável e uma amiga fiel, apesar do temperamento intempestivo. “Amy tinha um espírito incrível, sentido por muitas pessoas”, descreve seu amigo e baixista Dale Davis, em entrevista à reportagem de O TEMPO.
Mas a morte da cantora não sepultaria o seu legado. E para manter viva a herança musical da Rainha do Jazz, Davis, junto dos outros integrantes da banda de Amy, voltaram à estrada, com show que desembarca em Belo Horizonte neste domingo (18 de maio). The Amy Winehouse Band se apresenta no BeFly Minascentro reunindo o setlist que marcou época, como “Back to Black”, “Rehab”, “Valerie”, “Love Is a Losing Game” e “Tears Dry on Their Own”.
O grupo decidiu seguir tocando após o lançamento do documentário “Amy”, lançado em 2015. Ganhador de um Oscar, a produção audiovisual reúne imagens de arquivo e depoimentos de pessoas próximas da artista, que revelam um retrato íntimo da vida e da carreira da cantora. Segundo Davis, que lidera o projeto há 10 anos, a recepção dos fãs tem sido a melhor possível.
“O espetáculo cresceu muito ao longo dos anos e superou minhas expectativas. O público tem sido fantástico, e esta é a razão pela qual fazemos isso. Ao longo dos anos, a plateia tem variado muito em idade e nacionalidade. Com o lançamento do filme ‘Back to Black’ [com direção de Sam Taylor-Johnson, e Marisa Abela no papel de Amy], lançado no ano passado, o público ficou ainda mais jovem”, observa.
A formação da banda é a mesma dos tempos em que a Amy se apresentava, com exceção do teclado. “Às vezes alternamos. Amy tinha apenas dois tecladistas: um deles nunca quis se apresentar conosco (o que é totalmente compreensível), e o outro tem outros compromissos também. Mas, quando o orçamento e o show permitem, temos a formação original completa com nove integrantes”, destaca Davis.
Para os vocais, o baixista convidou a cantora de Bristol Bronte Shande. “Bronte apareceu por acaso. Eu a conheci em uma noite de microfone aberto [evento em que pessoas podem se apresentar livremente]. Era para outra cantora se apresentar com músicas da Amy, mas ela desistiu, e a Bronte assumiu o lugar. Assim que a ouvi cantar, soube que precisava trabalhar com ela assim que tivesse oportunidade”, conta.
O baixista avalia que certamente Amy estaria feliz em ver sua banda dando continuidade ao trabalho dela. “Amy nunca gostaria de ver qualquer um de nós sem trabalho”, responde. “Ela ficaria envergonhada e tímida com o fato de isso tudo ser sobre ela, mas isso porque ela era uma artista humilde”, acentua. “Amy tinha uma presença e um talento imensos”, aponta Davis. Até mesmo por isso, ele acredita que não há desafios em manter viva a essência da Amy nos shows. “Amy nos mostrou muito amor e respeito, então é fácil devolver isso ao público”, salienta.
Afeto para além dos palcos
Além de baixista, Dale Davis era amigo pessoal de Amy Winehouse. Ele conta que a artista britânica sempre foi próxima dele e da família também fora dos palcos e que era como “uma mãe” para o filho dele.
“Ela era muito amiga da minha família e próxima do meu filho: ver como ela cuidava dele era uma alegria. Eu estava trabalhando com ela no dia em que descobri que seria pai. Ela tocou a barriga da mãe dele, enquanto meu filho ainda estava no útero”, conta. Dessas memórias, a que ele mais gosta foi quando, “em uma ocasião especial”, Amy levou o filho dele ao cinema. “Seu espírito empoderou muitas pessoas, permitindo que elas fossem elas mesmas”, destaca.
SERVIÇO
O quê. Show da The Amy Winehouse Band
Quando. Domingo (18 de maio), às 19h
Onde. BeFly Minascentro (avenida Augusto de Lima, 785, centro)
Quanto. Entre R$ 140 (meia social) e R$ 340 (inteira), no Sympla