O verso que fala sobre a nostalgia vivida por todo adulto fascinou Pedro Henrique Lopes ainda durante a infância: “Há um menino, há um moleque/ Morando sempre no meu coração/ Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão…”. A letra, escrita por Fernando Brant, tornou-se conhecida no Brasil inteiro através da música de Milton Nascimento.
“Bola de Meia, Bola de Gude”, gravada originalmente em 1988, entrou para a trilha sonora da novela “Coração de Estudante”, da Globo, em 2002. E nunca deixou de ser uma das prediletas do dramaturgo de “Bituca, Milton Nascimento para Crianças”, que, neste domingo (4), abre a 15 ª temporada do “Diversão em Cena”.
“Minha mãe sempre foi muito fã do Milton e do Clube da Esquina. Então, eu cresci ouvindo as músicas lindas dele e me encantei pela obra”, conta Pedro Henrique, que também elege “Maria, Maria” como “uma música lindíssima que conversa com o momento atual e com todos os momentos do mundo sempre!”.
“É comovente ver as crianças se emocionarem com cada música que aparece em cena”. A opção do espetáculo, que integra o projeto “Grandes Músicos para Pequenos”, e pelo qual já passaram homenagens a Luiz Gonzaga, Braguinha, Raul Seixas, Elza Soares e Elis Regina, foi “se inspirar na infância de Milton para contar essa história para as crianças”.
Enredo
Com direção musical de Guilherme Borges e direção cênica de Diego Morais, a peça tem no elenco Udylê Procópio na pele de Milton, Martina Blink como sua mãe, Aline Carrocino vivendo Dona Maricota, mãe de Lô Borges e responsável por apelidar a futura turma de astros da MPB com o nome de Clube da Esquina, além de Marina Mota como uma professora, Anna Paula Black como Mãe Maria, e o próprio Pedro Henrique que interpreta, em cena, Salomão, o patriarca da família Borges.
No palco, eles representam “o primeiro dia de aula, as novas amizades e as brincadeiras infantis”, a fim de que “as crianças se identifiquem com as personagens e todo universo de Milton”. Na opinião de Pedro Henrique, “a mensagem mais forte da música do Milton, e que comparece para todas as gerações nesse espetáculo, é o amor”. “A obra do Bituca é sempre sobre o amor e o espetáculo trata disso. O amor de família, o amor na adoção, na amizade. Acredito que isso reverbera e faz todo mundo se emocionar”, aposta.
Tornado órfão aos dois anos de idade, o carioca de nascimento e mineiro de coração acabou adotado pelos patrões de sua avó, que se mudaram com ele para a cidade de Três Pontas, onde conheceria o pianista Wagner Tiso, futuro parceiro em composições. O amor de Lília e Zino não livrou Milton de enfrentar o preconceito de uma sociedade racista por ser uma criança negra criada por pais brancos, temática abordada na peça.
“Além de ser um gênio da música, Milton tem uma força e uma presença quase sobrenatural. Ele é uma divindade que exala amor e musicalidade. E acho que isso explica um pouco do encantamento que o Brasil e o mundo sentem por ele”, exalta Pedro Henrique, que prepara um novo espetáculo para o segundo semestre de 2025, por enquanto ainda “mantido em segredo”, disfarça ele, com um leve sorriso nos lábios.
Serviço
O quê. Espetáculo “Bituca, Milton Nascimento para Crianças”
Quando. Neste domingo (4), às 17h
Onde. Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, Centro)
Quanto. De R$10 (meia) a R$20 (inteira) na bilheteria ou pelo site www.eventim.com.br