O padre Fábio de Melo foi denunciado para a Congregação da Doutrina Fé, no Vaticano. A queixa está relacionada ao episódio ocorrido em uma cafeteria Havanna em Joinville (SC), que resultou na demissão do gerente do estabelecimento.

De acordo com o colunista Ricardo Feltrin, a denúncia partiu de um bispo catarinense, que considerou a conduta do religioso como estando "fora das doutrinas da Igreja Católica". Segundo fontes consultadas pelo jornalista, embora a denúncia não preveja punições severas, o registro do padre "fica manchado" na instituição.

Como a polêmica começou? 

O caso que deu origem à denúncia ocorreu em maio, quando o padre utilizou as redes sociais para comentar sobre algo que havia acontecido em uma cafeteria onde ele estava. À épóca, ele afirmou que havia tentado resolver um problema com os funcionários do estabelecimento e que houve má conduda por parte do gerente, que teria agido de forma arrogante ao lidar com a reclamação. 

A exposição do caso - que teve, inclusive, um vídeo de câmeras de segurança divulgado nas redes sociais - culminou com uma enxurrada de críticas ao então gerente da loja, Jair José Aguiar da Rosa, e sua demissão.

Em entrevista ao programa Tá na Hora, do SBT, em 29 de maio, o ex-funcionário contestou a versão dos fatos. "Eu queria que ele explicasse por que fez isso comigo. Porque, como é visto nas câmeras de segurança, em momento algum eu falo com ele. Na verdade, quem questiona sobre esse doce de leite nem é o padre, é um cara bombadinho, bem fortinho, de regatinha vermelha. Ninguém chamou o padre. Não falei com ele nem ele falou comigo", declarou Jair José.

O Sindicato dos Trabalhadores em Turismo, Hospitalidade e de Hotéis, restaurantes, bares e similares (Sitratuh) apoia o ex-gerente em uma ação cível contra o padre. Paralelamente, prepara-se uma ação trabalhista contra a cafeteria.

O ex-gerente relatou impactos em sua saúde mental após a exposição pública. "Minha vida está virada, ainda não consegui absorver tudo isso. Fui obrigado a trancar a faculdade porque estou entrando em depressão. Fui diagnosticado com três síndromes diferentes, porque a exposição foi muito grande", afirmou durante o programa. Ele estava a três meses de concluir sua formação acadêmica e expressou temor em ser reconhecido: "Tenho muito medo de sair na rua. A vergonha é muito grande".

Em nota ao programa, o padre Fábio de Melo defendeu sua postura. "Nunca, em tempo algum, levantei minha voz ou minha ação com intuito de ferir ou prejudicar quem quer que fosse. Não carrego em mim a intenção da maldade, tampouco alimento o desejo de vingança ou revide", afirmou.

O religioso comentou sobre o ambiente digital: "Vivemos tempos difíceis, em que a verdade, muitas vezes, é soterrada pelo barulho dos julgamentos precipitados, pela crueldade das redes sociais, pelos tribunais da internet, onde raramente se permite defesa".

Ele finalizou reafirmando seus valores: "Se, em algum momento, minha postura, minha fala ou minha presença causaram dor a alguém, quero aqui reafirmar, com humildade: estendo a mão não para julgar, mas para acolher; não para me eximir, mas para dialogar. Porque assim me ensinou Cristo. O amor é sempre a se oferecer e perdoar. Sigo comprometido com minha missão e em paz com a consciência tranquila de quem vive para servir".