O documentário Desastre Total: Cruzeiro do Cocô, disponível na Netflix, é um retrato impressionante de um dos episódios mais embaraçosos da história recente da indústria de cruzeiros. A produção faz parte da série antológica Trainwreck, que se propõe a revisitar acontecimentos reais marcados pelo caos e pela repercussão global.
O episódio revive o caso do Carnival Triumph, navio de cruzeiro que, em 2013, sofreu um incêndio em sua casa de máquinas enquanto navegava no Golfo do México. O incidente causou a falha de sistemas essenciais, como o fornecimento de energia, o ar-condicionado e, de forma crítica, o esgoto. Com mais de quatro mil pessoas a bordo, a embarcação ficou à deriva por dias em condições precárias, que incluíam falta de comida, calor insuportável e banheiros inutilizados.
Depoimentos de passageiros e tripulantes ajudam a construir uma narrativa tensa e, por vezes, angustiante. Alguns relatos descrevem o cenário como “um campo de refugiados”, com cheiro de urina pelos corredores, refeições improvisadas e pessoas forçadas a usar sacos plásticos para necessidades fisiológicas. A experiência foi tão extrema que muitos passageiros a compararam a um filme de terror em alto-mar.
A direção do documentário aposta em um ritmo dinâmico e no uso de imagens de arquivo para contextualizar a gravidade da situação. A repercussão na mídia e a resposta da empresa responsável, a Carnival Cruise Line, também são abordadas. Em um momento simbólico, o então CEO da companhia reconhece publicamente: “Falhamos neste caso.”
Desastre Total: Cruzeiro do Cocô vai além do sensacionalismo ao expor falhas estruturais e operacionais que contribuíram para o caos. O documentário se destaca como um alerta sobre os riscos ocultos em experiências de luxo e sobre como um problema técnico pode rapidamente se transformar em uma crise humanitária.
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